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Tchaikovsky é conhecido pelo grande público principalmente por suas obras para balé, como O quebra-nozes e O lago dos cisnes. No entanto, é em suas seis sinfonias que seu gênio se exprime melhor. Compostas ao longo da vida (a primeira foi escrita aos 26 anos e a última, no ano de sua morte), elas expressam sinteticamente vários aspectos do trajeto que percorreu como compositor, desde o dilema entre o nacionalismo e a universalidade, até à procura por um caminho pessoal de expressão artística dentro do universo romântico. A Quinta Sinfonia foi composta entre maio e agosto de 1888 e conta, se isso for realmente possível em Tchaikovsky, com a presença evidente do elemento russo. Não se trata, porém, de citações ou releituras de material melódico da música tradicional do seu país, mas de uma filtragem e apropriação desse material, estilizado ao máximo no seio de uma linguagem romântica genuína e, por fim, transmutado em elaborações melódicas originais e próprias do compositor, que nunca ousa explorá-lo com excessos patrioteiros. No entanto, paradoxalmente, o segundo movimento – com seu célebre solo de trompa – apresenta um Tchaikovsky de inventividade livre e plena, inclusive nas técnicas de orquestração.