Concerto para violino, op. 14

Samuel BARBER

(1939/1940, revisão 1949)

Instrumentação: Piccolo, 2 flautas, 2 oboés, 2 clarinetes, 2 fagotes, 2 trompas, 2 trompetes, tímpano, piano, cordas

 

Samuel Barber nasceu em West Chester, Pensilvânia, e morreu em 1981 em Nova York. Filho de um médico e de uma pianista, teve uma educação sólida e começou a compor ainda criança. Aos quatorze anos ingressou no Curtis Institute of Music, onde estudou canto, piano, composição e, posteriormente, regência, com Fritz Reiner.

 

Barber tinha conhecimento enciclopédico em artes, literatura, música, teatro, cinema e lia fluentemente em francês, alemão, italiano e espanhol. Membro da Academia Americana de Artes e Letras, foi também presidente do Conselho Internacional de Música da Unesco. Entre muitos prêmios, recebeu dois Pulitzers e a versão americana do Prêmio de Roma. Trabalhou e viveu sempre como compositor e escreveu canções, música para piano, óperas, música sinfônica e de câmara. Sua cultura e relação com a literatura se refletem claramente em suas escolhas: James Joyce, Yeats e Pablo Neruda são alguns dos poetas musicados por ele. Leitor apaixonado, já em 1936 escrevera um ciclo de canções com poemas de Joyce: Música de Câmera (op. 10); posteriormente, inspirado no Finnegans Wake, a mais radical das obras do escritor irlandês, escreveu Nuvoletta (1947) e Fadograph of a Yestern Scene (1971).

 

Diferentemente de compositores que se tornaram ícones da vanguarda e da música mais experimental norte-americana no século XX, tais como Charles Ives e John Cage, Samuel Barber pertence a uma vertente mais tradicional e conservadora. Formou, com George Gershwin e Aaron Copland, o trio de compositores mais populares dos Estados Unidos. Seu Adagio para cordas foi estreado em 1938 por Arturo Toscanini à frente da NBC Symphony Orchestra; o jovem compositor tinha então 28 anos e esta talvez seja sua obra mais executada e conhecida. Apesar dos ataques e críticas que enfrentou em vida, seu trabalho é hoje reconhecido como importante contribuição ao panorama musical norte-americano do século XX, pelo magistral senso arquitetônico, lirismo, complexidade rítmica e riqueza harmônica. Segundo John Corigliano, em Barber existe “uma interessante dicotomia entre procedimentos harmônicos – uma alternância entre um cromatismo pós-Straussiano e um diatonismo simples e tipicamente americano”.

 

O Concerto para violino, op. 14, foi escrito em 1939 na Suíça, onde Barber se instalara especialmente para compor. Foi estreado pela Orquestra Sinfônica do Curtis Institute, na temporada 1939/1940, tendo como solista o violinista Herbert Baumel sob a regência de Fritz Reiner. É uma de suas obras mais conhecidas e um dos concertos mais executados do repertório sinfônico do século XX. Por ocasião da estreia, o compositor escreveu a seguinte nota para o programa: “O primeiro movimento – Allegro moderato – começa com um tema lírico anunciado pelo violino sem qualquer introdução orquestral. Esse movimento tem o caráter de uma sonata mais do que a forma de um concerto. O segundo movimento – Andante – é introduzido por um longo solo de oboé. O violino entra com um tema contrastante e rapsódico e, em seguida, o oboé retoma a melodia inicial. O terceiro movimento, um perpetuum mobile, explora o caráter brilhante e virtuosístico do violino”.

 

Rubner Abreu Júnior
Professor e orientador pedagógico da Fundação de Educação Artística, diretor do Grupo Oficina Música Viva.

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