Bach eterno

José Soares, regente
Renata Xavier, flauta
Públio Silva, oboé

|    Fora de Série

WEBERN
J. RUTTER
A. PÄRT
VILLA-LOBOS
Passacaglia, op. 1
Suíte Antiga
Colagem sobre B-A-C-H
Bachianas Brasileiras nº 7

José Soares, regente

Natural de São Paulo, José Soares é Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2022, tendo sido seu Regente Assistente nas duas temporadas anteriores. Venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio (Tokyo International Music Competition for Conducting 2021), recebendo também o prêmio do público. Bacharel em Composição pela Universidade de São Paulo, iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos. Estudou com o maestro Claudio Cruz e teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi e Leonid Grin. Foi orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Libreich no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. Pelo Prêmio de Regência recebido no festival, atuou como regente assistente da Osesp na temporada 2018. José Soares foi aluno do Laboratório de Regência da Filarmônica e convidado pelo maestro Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Em 2023, estreia como convidado da Osesp e de orquestras no Japão.

Integrante da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde sua criação, Renata Xavier começou a estudar música aos sete anos no Conservatório Estadual Juscelino Kubitschek de Oliveira, em Pouso Alegre (MG), cidade onde nasceu. Concluiu seu bacharelado em 2002 na Universidade Estadual Paulista, sob orientação de Jean Noel Saghaard, tendo também sido aluna de Rogério Wolf. Renata participou dos principais festivais de música do país, dentre eles o de Campos do Jordão, a Oficina de Música de Curitiba e o Música nas Montanhas, em Poços de Caldas. Como convidada, apresentou-se junto às sinfônicas de São José dos Campos, de Rio Claro e de Santos. A flautista também integrou outros grupos brasileiros, como as bandas sinfônicas Jovem do Estado de São Paulo e de Cubatão e as orquestras Sinfônica Jovem do Estado de São Paulo, a Jovem de Guarulhos, a Sinfônica Heliópolis e a Sinfônica da USP.

Públio Silva iniciou seus estudos de oboé com Andrea da Silva Silvério em 2011, e, no ano seguinte, ingressou na Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp), sob a orientação de Natan Albuquerque Júnior. Em 2014, foi aprovado na Academia de Música da Osesp, tendo Arcádio Minczuk como professor. Dentre suas participações em orquestra destacam-se a Filarmônica de Goiás como Principal Oboé, a Osesp como academista, a Sinfônica de São José dos Campos e a Orquestra Jovem do Estado de São Paulo. Atuou sob a regência de maestros como Neil Thomson, Giancarlo Guerreiro, Eiji Oue, Marin Alsop, Sian Edwards e Isaac Karabtchevsky. Em 2016, foi premiado com honra no Festival Internacional de Campos do Jordão e finalista do programa “Prelúdio”, da TV Cultura. Nesse mesmo ano, Públio entrou como Oboé Principal Assistente na Filarmônica.

Programa de Concerto

Passacaglia, op. 1 | WEBERN

A Passacaglia marca a conclusão dos estudos musicais de Webern sob a supervisão direta de Schoenberg. Nela, o tema parece evocar os passos de uma caminhada que, ao longo da peça, mostra o compositor tributário da tradição romântica, em especial a que remonta a Mahler e Brahms. No entanto, essa tradição se apresenta sob a forte influência do diálogo já estabelecido pelo expressionismo schoenberguiano. A exemplo do professor, que falava abertamente de sua fecunda relação dialógica com a tradição, Webern assimila e incorpora, mas também responde e transforma. A Passacaglia surpreende o ouvinte, principalmente quando confrontada com a evolução da obra weberniana. A ela não são estranhos o arroubo e as passagens eloquentes, de orquestração mahleriana. Mas a filiação pós-romântica da partitura não exclui elementos composicionais caros ao estilo que marcaria a evolução da linguagem composicional de Webern. O próprio tema, anunciado pelas cordas, em pizzicato, valoriza um elemento essencial de sua poética: o silêncio, carregado de expressividade e de expectativa, realçando cada novo som apresentado em um movimento lento e uniforme. Logo em seu opus 1, Webern já demonstra características e preferências bastante singulares que se tornariam a marca de sua música nos anos posteriores.

Bastante popular nos Estados Unidos e em sua terra natal, o compositor londrino John Rutter ganhou notoriedade principalmente por suas composições e arranjos para coral, a maior parte de caráter sacro ou espiritual. Depois de um período como diretor musical do Clare College, em Cambridge, onde também foi aluno, Rutter decidiu, em 1979, se dedicar exclusivamente ao ofício de compor. Nesse mesmo ano, escreveu a sua Suíte Antiga, uma homenagem às "formas e estilos do tempo de Bach", conforme definição própria. A peça foi comissionada pelo Festival de Música de Cookham, cujo programa daquela edição incluía um dos famosos Concertos de Brandemburgo, daí o mote para celebrar a obra do grande mestre alemão. Desde o primeiro movimento, quem brilha é a flauta – em certa medida, a suíte pode ser considerada um concerto para o instrumento. Mas a presença elegante do cravo confere ao trabalho coloração singular, apoiado pela presença marcante das cordas. Um retorno ao Barroco com nuances sutis da música contemporânea.

Antes de desenvolver o estilo que o tornou mundialmente celebrado a partir da segunda metade dos anos 1970, Arvo Pärt passou alguns anos experimentando com as transgressões da música de vanguarda europeia do século XX. Colagem sobre B-A-C-H, em seus três movimentos curtos, demonstra de maneira sintética o interesse do compositor estoniano por formas com transições súbitas e intensas entre as seções, algo recorrente nessa primeira fase. Muito utilizado por integrantes da Segunda Escola Vienense, como Schoenberg e Webern, o motivo B-A-C-H (na nomenclatura germânica, as letras correspondem a Si bemol - Lá - Dó - Si) aparece com clareza no movimento inicial, executado apenas pelas cordas, para depois ser retrabalhado na segunda seção, com a entrada do cravo, do piano e do oboé solo. Nesse lento segundo movimento, também é possível perceber citações diretas à "Sarabande" da Suíte inglesa nº 6 em ré menor de Bach, entremeadas com as intervenções e distorções de Part. No último movimento, o motivo central é explorado em novas dissonâncias até as colisões do atípico cluster final e o encerramento definitivo em Ré maior.

Na série das famosas Bachianas Brasileiras, Heitor Villa-Lobos tenta uma síntese de dois mundos que sempre lhe foram fonte de inspiração: o da tradição orquestral alemã, representado por Bach, e o dos elementos musicais tipicamente brasileiros. Villa-Lobos iniciou a composição das nove suítes Bachianas Brasileiras em 1930, quando voltou ao Brasil depois de viver três anos em Paris. Os movimentos das Bachianas trazem, geralmente, dois títulos: um que remete às formas barrocas e outro, bem nacional, seresteiro, nordestino ou sertanejo. A Sétima foi escrita em 1942, para grande orquestra e um conjunto de instrumentos brasileiros de percussão, e dedicada ao político mineiro Gustavo Capanema, então ministro da Educação. São quatro movimentos. O "Prelúdio (Ponteio)" é melódico e sentimental, como se anunciasse uma seresta de violões. A "Giga (Quadrilha caipira)" evoca uma dança sertaneja, em fugato. A "Tocata (Desafio)" sugere um duelo de repentistas nordestinos, realizado entre um trombone e um trompete. Por fim, a "Fuga (Conversa)" é bastante livre e pouco escolástica, com um tema principal bem brasileiro.

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3 jun 2023
sábado, 18h00

Sala Minas Gerais
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