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Os compositores eruditos brasileiros do século XIX, em sua maioria, incluindo Alexandre Levy, tiveram parte de sua formação musical realizada na Europa, berço, aliás, dos primeiros lampejos do nacionalismo. O Brasil, mal visto no contexto internacional pela abolição tardia, reagia com preconceito à cultura afro-brasileira e popular. Foi nessa época que surgiram, por todo o país, as associações de concertos, como o Clube Haydn, fundado em São Paulo por iniciativa de Alexandre Levy. Essas agremiações contribuíam para o desenvolvimento e a popularização do nacionalismo musical. Em 1890, Alexandre Levy compôs um grupo de obras nitidamente nacionalistas: o Tango brasileiro para piano, o poema sinfônico Comala e a Suíte Brasileira. No Samba, último movimento da Suíte, o compositor empregou duas melodias – Se eu te amei e Balaio, meu bem, balaio –, ambas do populário da época. Esta última canção, oriunda do Sul do país, fora anteriormente utilizada na peça para piano A Sertaneja, de Brasílio Itiberê (compositor paranaense, 1846-1913). Mais próximo do samba rural e das danças urbanas daquele período (como o maxixe, a polca e o tango brasileiro) do que do samba de morro carioca, o Samba de Levy antecipa o ritmar contínuo dos acompanhamentos da música de salão de Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth e evidencia o ineditismo do uso do folclore em uma obra sinfônica.