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Francis Poulenc foi um reconhecido compositor orquestral de balés e concertos, mas não se dedicou à sinfonia, consistindo a Sinfonieta em sua única incursão no gênero sinfônico. Contudo, a obra assombra pelo domínio da escrita para grande conjunto instrumental, intuitivamente realizada por um orquestrador autodidata que possuía todos os predicados para se tornar um grande sinfonista. O título, que significa pequena sinfonia, remete ao objetivo do compositor de criar uma obra menor. Mas as ideias, por fim, se expandiram em quatro episódios sinfônicos bem-humorados e salpicados de pastiches estilísticos de compositores famosos, notadamente os austríacos Haydn e Mozart e os russos Tchaikovsky e Stravinsky. É evidente aí o estilo do próprio Poulenc, que, costumeiramente, reproduz, em diferentes obras, os mesmos encadeamentos harmônicos – geralmente perceptíveis em trechos líricos e apaixonados –, como os que surgem no centro do primeiro movimento da Sinfonietta e envolvem, aos poucos, o revolto tema inicial. O segundo movimento, dançante e declaradamente tchaikovskiano, é um típico scherzo – brincadeira, em italiano –, tanto por sua forma tripartida, devida a Beethoven, quanto pelo conteúdo jocoso de seu tema. Poulenc, em 1947, escrevera ao amigo Darius Milhaud: "tive uma boa primavera este ano e agora estou prestes a compor uma Sinfonieta para a BBC"; e, em nova correspondência, completara: “a Sinfonieta foi muito bem em Londres”. A Sinfonieta é claramente uma obra universal, na qual Poulenc mescla a pluralidade de influências à sua peculiar elegância e obtém uma celebração musical repleta de jeu d’esprit, de leveza e da joie de vivre típica de um genuíno artista parisiense.