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Não é possível compreender a música de Giovanni Gabrieli sem considerar o contexto da Veneza do século XVI. Gabrieli nasceu entre 1554 e 1557, período em que a cidade desfrutava do auge do prestígio por ser o principal posto comercial entre o leste e o oeste, além de ser celeiro de arte, política e cultura. No centro da vida musical estava a Basílica de São Marcos, que, desde o século XIV, empregava organistas e dispunha de dois órgãos, além de um órgão positivo, que tomava emprestado quando necessário. Em 1585, depois de já ter trabalhado em Munique, na corte do Duque Alberto V da Baviera, Gabrieli foi designado organista da Basílica e, no mesmo ano, conseguiu outro posto, na Scuola Grande di San Rocco. Na Basílica, Giovanni fez mais do que apenas suceder o tio, Andrea Gabrieli, que cumpria as funções de organista e compositor. Apenas um ano depois de sua chegada, Giovanni começou a publicar os Concertos de seu tio. Rapidamente, percebeu o potencial do grupo de virtuosos que a Basílica tinha desde 1567, que lhe permitia constante experimentação da técnica musical. Além disso, como principal compositor, ele podia contratar cantores e musicistas como freelancer, o que expandiu o alcance e a expressão de suas composições. Parte de sua principal coleção, a Sacrae Symphoniae, de 1597, a Sonata pian’ e forte é um perfeito exemplo de como a música vocal (provavelmente usada primeiro na igreja) pode tornar-se puramente instrumental. Aqui, a música traduz instrumentalmente a ideia do cori spezzati, ou o estilo policoral tradicional de Veneza. O contraste dinâmico é criado pelo uso de coros de solistas e tutti: um coro de solistas resulta em piano, enquanto as seções de tutti são fortes.