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Uma série de experiências frustradas em competições fizeram com que Maurice Ravel defendesse obstinadamente, ao longo de sua trajetória, o desenvolvimento de técnicas e musicalidade próprias. Entre 1900 e 1905, o autor de Bolero tentou vencer, por exemplo, o Prix de Rome, mas falhou em todas as oportunidades. Na última tentativa, o compositor foi eliminado logo na primeira fase, o que chocou críticos da época. Mais tarde, o caso tornou-se um escândalo, com a revelação de que todos os finalistas daquela edição eram alunos de um dos membros do júri. Isso acabou levando à renúncia do diretor do conservatório responsável pela premiação, e o episódio ficou conhecido como “L’affaire Ravel”. Mas, para além da polêmica, o fracasso de Ravel em ganhar o Prix de Rome foi, sobretudo, um indicativo de seu desconforto com relações baseadas em hierarquia e autoridade. Ravel foi incapaz de atender às expectativas que lhe eram imputadas, apesar de seu desejo de ter sucesso. Tal espírito de insubordinação está refletido em Alborada del gracioso, obra inspirada em uma personagem do teatro espanhol dos séculos XVI e XVII que comenta, de forma satírica, as ações de seus superiores. Originalmente feita para piano, a peça foi orquestrada pelo próprio Ravel em 1918, para Serguei Diaghilev, que a usou no balé Les jardins d'Aranjuez, anteriormente chamado Las meninas.