Estouros, surpresas e alegrias rítmicas

Maximiano Valdés, regente convidado
Rachel Barton Pine, violino

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M. FARÍAS
CORDERO
DEBUSSY
RAVEL
Estallido
Concerto para violino
Imagens para orquestra nº 2: Ibéria
Alborada del gracioso

Maximiano Valdés, regente convidado

Atual regente da Orquestra Sinfônica de Porto Rico, Maximiano Valdés desenvolveu sua carreira musical nos Estados Unidos e em diferentes países da Europa, da Ásia e da América Latina. Conduziu diversas orquestras ao redor do globo, tendo sido regente titular da Orquestra do Principado das Astúrias, na Espanha, por dezesseis anos. Esteve à frente também de algumas das principais orquestras dos Estados Unidos e do Canadá, como as sinfônicas da Filadélfia, de Chicago, de St. Louis, de Vancouver, de Toronto e de Montreal, além da Filarmônica de Nova York e a do Centro de Artes de Ottawa. Valdés também produziu numerosas óperas em cidades europeias como Paris, Roma, Londres e Barcelona, além de Santiago, capital do Chile, seu país de origem. Em 2010, aceitou o convite para ser diretor artístico do Festival Casals de Porto Rico. Em 2021, recebeu distinção como professor de musicologia na Universidade de Porto Rico e o título honorário de Doutor.

Igualmente interessada pelas grandes obras-primas clássicas e por peças contemporâneas, a violinista Rachel Barton Pine se destaca por suas performances calorosas e por seu importante trabalho de resgate histórico de compositores e compositoras negras. Como solista, apresentou-se com muitas orquestras prestigiadas, incluindo as sinfônicas de Chicago, Viena e Detroit, a Orquestra da Filadélfia, a Royal Philarmonic e a Camerata Salzburg. Entre os regentes com quem colaborou estão Zubin Mehta, Erich Leinsdorf, Neeme Järvi, Marin Alsop e Neville Marriner. Pine possui uma extensa discografia de 39 discos, tendo alguns deles figurado no topo da classificação da Billboard Classical. Venceu vários dos principais prêmios mundiais, incluindo uma medalha de ouro na Competição Internacional Johann Sebastian Bach, em 1992. Mantém a Rachel Barton Pine Foundation, que realiza ações de incentivo à carreira de jovens músicos e desenvolve, há duas décadas, o projeto Music by Black Composers, que já recuperou mais de 900 obras de aproximadamente 450 compositores negros do século XVIII até os dias atuais.

Programa de Concerto

Estallido | M. FARÍAS

O jovem compositor chileno Miguel Farías escreveu Estallido a pedido de seu amigo e conterrâneo Paolo Bortolameolli, atual regente associado da Filarmônica de Los Angeles. O processo de criação teve início em outubro de 2019 e coincidiu com um momento de intensa ebulição política no Chile, quando a população foi em peso às ruas protestar contra o alto custo de vida e as desigualdades sociais e econômicas no país. Segundo Farías, seu objetivo inicial não era escrever algo diretamente associado aos protestos, mas, inconscientemente, o resultado acabou capturando a energia explosiva da intensa movimentação social. Estallido (“estouro” ou “explosão”, em espanhol) é um exercício de tensão sonora crescente, no qual a entrada progressiva dos instrumentos da orquestra gera a sensação de coisas explodindo, principalmente na incorporação de sons metálicos, até o estouro final. A estreia mundial da obra aconteceu em 5 de março de 2022, com Bortolameolli e a Filarmônica de Los Angeles.

Roque Cordero foi um compositor, regente e educador musical panamenho de longa e produtiva carreira. Nasceu em 1917 e, ainda jovem, ganhou diversos prêmios locais por suas composições e conduções de orquestras e bandas. Aos 21 anos, fundou a Orquestra da União Musical, que mais tarde se transformaria na Orquestra Nacional do Panamá. Mudou-se para os Estados Unidos e, em 1943, deu início aos estudos em Educação Musical na Universidade de Minnesota. Mais tarde, cursou Composição na Universidade de Hamline, sob orientação de Ernst Krenek. De volta ao país natal, foi diretor do Conservatório Nacional (1950 – 1953) e do Instituto Nacional de Música (1953 – 1964), além de diretor artístico da Orquestra Sinfônica Nacional do Panamá (1964 – 1966). Nos anos 1970, em um retorno definitivo aos EUA, lecionou em universidades da Indiana e de Illinois. Durante sua trajetória, Cordero criou um estilo altamente pessoal, combinando técnicas clássicas com elementos folclóricos de seu país. O Concerto para violino foi composto em 1962 e, em 1974, foi homenageado com o Prêmio Internacional de Gravação Koussevitzky. Cordero faleceu em 2008, em Ohio.

O tríptico Imagens para orquestra, composto entre 1905 e 1912, teve cada parte concebida e estreada separadamente. Ibéria, o quadro central, foi escrita entre 1905 e 1908 e é, ela mesma, dividida em três movimentos, o que cria um sutil efeito de metalinguagem no todo do conjunto. Apesar da sugestividade do título, não se trata de uma homenagem direta à Espanha ou uma representação exótica pelo olhar de um estrangeiro, mas sim de evocações rítmicas fragmentadas que são costuradas pela genialidade inventiva de seu compositor. Nesse sentido, Ibéria pode ser considerada uma obra emblemática de Debussy, cujo estilo não se enquadra confortavelmente em nenhuma “escola” ou “ismo”, valorizando uma linguagem musical livre, sem direcionalidade funcional nas harmonias, como é característico da Modernidade. Aqui, não há mais o desenvolvimento de uma proposição inicial, mas justaposição de ideias, entre as quais se estabelecem redes de relações e das quais derivam novas proposições. Por essa liberdade rebelde, na imensa complexidade das transformações por que passa a música ocidental na aurora de nossa era, Debussy talvez seja a porta de entrada mais amplamente aberta.

Uma série de experiências frustradas em competições fizeram com que Maurice Ravel defendesse obstinadamente, ao longo de sua trajetória, o desenvolvimento de técnicas e musicalidade próprias. Entre 1900 e 1905, o autor de Bolero tentou vencer, por exemplo, o Prix de Rome, mas falhou em todas as oportunidades. Na última tentativa, o compositor foi eliminado logo na primeira fase, o que chocou críticos da época. Mais tarde, o caso tornou-se um escândalo, com a revelação de que todos os finalistas daquela edição eram alunos de um dos membros do júri. Isso acabou levando à renúncia do diretor do conservatório responsável pela premiação, e o episódio ficou conhecido como “L’affaire Ravel”. Mas, para além da polêmica, o fracasso de Ravel em ganhar o Prix de Rome foi, sobretudo, um indicativo de seu desconforto com relações baseadas em hierarquia e autoridade. Ravel foi incapaz de atender às expectativas que lhe eram imputadas, apesar de seu desejo de ter sucesso. Tal espírito de insubordinação está refletido em Alborada del gracioso, obra inspirada em uma personagem do teatro espanhol dos séculos XVI e XVII que comenta, de forma satírica, as ações de seus superiores. Originalmente feita para piano, a peça foi orquestrada pelo próprio Ravel em 1918, para Serguei Diaghilev, que a usou no balé Les jardins d'Aranjuez, anteriormente chamado Las meninas.

24 ago 2023
quinta-feira, 20h30

Sala Minas Gerais

25 ago 2023
sexta-feira, 20h30

Sala Minas Gerais
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