Em 1935, Britten começou a compor trilhas sonoras para os filmes institucionais da GPO Film Unit, um departamento de produção audiovisual do então serviço de correio britânico. Para um desses filmes, o curta-metragem The tocher ("O dote"), ele se inspirou em um conjunto de árias e duetos de câmara escritos por Rossini no início da década de 1830 – uma escolha curiosa, dada a discrepância da obra de ambos, pelo menos à primeira vista. Em 1936, Britten decidiu retrabalhar a peça para orquestra, adicionando dois novos movimentos e lhe conferindo o mesmo nome da coletânea original de Rossini: Soirées Musicales ("Noites Musicais"). Escrito quando o compositor italiano já havia se aposentado da produção operística que o consagrou, o material transita por vários ânimos, do dramático ao festivo, com melodias ricas, que são aproveitadas com inteligência por Britten nos três movimentos centrais (de cinco). O movimento de abertura, por sua vez, é inspirado na marcha dos soldados do 3º ato de Guilherme Tell, uma das óperas mais famosas de Rossini. A suíte se encerra de maneira dançante, com uma típica tarantela siciliana, construída a partir do tema de um dos seus Três coros religiosos, "La charité" ("A caridade").