Os encantos do barroco italiano

Fabio Mechetti, regente
Ana Lucia Benedetti, mezzo-soprano
Matheus Pompeu, tenor
Savio Sperandio, baixo

|    Fora de Série

MALIPIERO
RESPIGHI
STRAVINSKY
Vivaldiana
Árias e danças antigas: Suíte nº 2
Pulcinella

Fabio Mechetti, regente

Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais desde a sua fundação, em 2008, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Construiu uma sólida carreira nos Estados Unidos, onde esteve quatorze anos à frente da Sinfônica de Jacksonville, foi regente titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane e conduz regularmente inúmeras orquestras. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela realizou concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Conduziu as principais orquestras brasileiras e também em países da Europa, Ásia, Oceania e das Américas. Em 2014, tornou-se o primeiro brasileiro a ser Diretor Musical de uma orquestra asiática, com a Filarmônica da Malásia. Mechetti venceu o Concurso de Regência Nicolai Malko e é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School.

Natural de São Paulo, Ana Lucia estudou piano no Conservatório de Música Ars et Scientia e é Bacharel em Canto pela Faculdade Mozarteum, na classe de Francisco Campos Neto. Estudou também com Hildalea Gaidzakian, Marcos Thadeu, Regina Elena Mesquita, Gabriel Rhein-Schirato e Eliane Coelho. Desde 2010, obtém orientação vocal de Isabel Maresca. Foi 1º lugar no IX Concurso de Canto Maria Callas (2009), Melhor Voz Feminina no IV Concurso de Canto Carlos Gomes (2011), 3º lugar no IX Concurso Internacional de Canto Bidu Sayão (2011) e finalista do VI Concurso de Interpretação da Canção de Câmara Brasileira (2004). Ana Lucia cantou as Sinfonias nº 2 e nº 8 de Mahler, a Sinfonia nº 9 de Beethoven, A danação de Fausto de Berlioz, o Réquiem de Verdi, o Magnificat-Aleluia de Villa-Lobos, sob regência dos maestros Roberto Minczuk, Silvio Viegas, John Neschling e Roberto Tibiriçá, entre outros. Destacou-se como Jacinthe e Ursule em Le Domino Noir de Auber; como Dorothea Frescopane em Le convenienze ed inconvenienze teatral de Donizetti; como Juno em Orfeu no inferno de Offenbach; e como Lola em Cavalleria Rusticana de Mascagni.

Matheus Pompeu iniciou seus estudos vocais em Belo Horizonte com Mauro Chantal, seguindo para São Paulo, onde foi instruído por Isabel Maresca. Recebeu reconhecimento internacional por seu trabalho em 2015, quando foi duplamente premiado no V Concorso Internazionale Marcello Giordani, na Itália. No Brasil, venceu o VIII Concurso Carlos Gomes e, em 2019, recebeu o primeiro prêmio na Adam Didur Opera Singers’ Competition, na Polônia. Em 2017, Matheus concluiu sua formação na escola de ópera do Palau de les Arts de Valência, dando início a uma carreira de crescente reconhecimento em solo europeu. Sob a batuta de Fabio Biondi, passa a integrar a programação de festivais em famosas salas de concerto e teatros em diversos países, dando vida e voz a obras de Monteverdi, Haendel, Rossini e Verdi. A parceria com o maestro Biondi se consolidou também com a gravação de seu primeiro disco com o grupo Europa Galante, que foi indicado ao International Opera Award 2020 como melhor gravação de ópera completa, por seu registro de Halka, do compositor polonês Stanislaw Moniuszko.

A voz e a presença cênica marcantes de Savio Sperandio o tornam um dos artistas mais solicitados do Brasil. Interpretou papéis em óperas nos principais teatros do país e também no exterior, incluindo o Teatro Colón de Buenos Aires, o Teatro Real de Madrid, Palau de les Arts Reina Sofía em Valência, Festival Rossini Wildbad, Rossini Opera Festival de Pesaro, entre outros. Sperandio já se apresentou com as principais orquestras brasileiras, sendo solista em algumas das obras mais conhecidas do repertório sinfônico, como o Réquiem de Mozart, a Messa da Requiem de Verdi, o Messiah de Haendel e a Nona Sinfonia de Beethoven. No repertório operístico, destaque para as vozes de baixo em O barbeiro de Sevilha, Uma italiana na Algéria e A viagem a Reims, todas de Rossini, e de óperas consagradas de Mozart, Stravinsky, Verdi e outros.

Programa de Concerto

Vivaldiana | MALIPIERO

Para muitos, o mais injustiçado dos compositores que formaram a chamada Geração de Oitenta (1880), Gian Francesco Malipiero foi uma figura importante na cena musical italiana do século XX, tanto por sua vasta produção original como por seu trabalho de recuperação do catálogo de conterrâneos que vieram antes, principalmente o de Monteverdi. Como não poderia deixar de ser, essas duas frentes de atuação se influenciavam mutuamente, por isso, boa parte das composições de Malipiero estabelece um diálogo direto com a música de outros tempos. A Vivaldiana é uma despretensiosa, mas criativa, transcrição para orquestra clássica de seis excertos de diferentes concertos do mestre veneziano. Sem descaracterizar em excesso o material que o inspirou, Malipiero funde os excertos em três movimentos duplos, cada qual subdividido por uma mudança de tempo e de perspectiva, e oferece a eles uma nova e inspirada coloração sinfônica. A obra foi escrita em 1952, mesmo ano em que Malipiero assumiu a presidência do Instituto Italiano Antonio Vivaldi, onde foi responsável por editar vários volumes de um projeto de registro e publicação de toda a obra instrumental do compositor oitocentista.

Respighi pertence à chamada Geração de Oitenta (1880) que, na Itália dominada por longa tradição operística, lutou pelo renascimento de uma música instrumental vigorosa. Violista renomado, Respighi teve formação cosmopolita. Tocou na Orquestra da Ópera de São Petersburgo e estudou com Rimsky-Korsakov, de quem herdou a ciência da instrumentação. Em Berlim, foi discípulo do conservador Max Bruch; entretanto, soube enriquecer sua paleta orquestral em contato com os aspectos inovadores das obras de Richard Strauss e Debussy. Por outro lado, o compositor também se identificava fortemente com o passado musical de seu país. Com liberdade e criatividade, Respighi soube interpretar aspectos sugestivos de antigas obras renascentistas e barrocas, utilizando uma orquestração extremamente inventiva e atraente. As três suítes de Árias e danças antigas refletem esse interesse pelos velhos mestres – cada uma possui quatro movimentos, a maioria deles retirados de peças para alaúde de autores italianos e franceses dos séculos XVI e XVII. A Suíte nº 2 começa com um balé elegante e depois se encaminha para uma dança mais festiva, marcada por contrastes sonoros. O terceiro movimento, por sua vez, rompe com os anteriores em seu andamento lento e emotivo. A suíte se encerra em uma ambientação pastoral, com uma última dança inspirada na música popular do norte da Itália.

Stravinsky apareceu para o mundo no início dos anos 1910, com o sucesso dos balés O pássaro de fogo, Petrushka e A Sagração da Primavera, todos comissionados pelo diretor da famosa companhia Balés Russos, Sergei Diaghilev. Após alguns anos afastados, Stravinsky e Diaghilev retomaram sua bem-sucedida parceria em 1920 com Pulcinella, balé inspirado na commedia dell’arte, uma expressão do teatro popular italiano. Para esse retorno, o produtor russo não poupou esforços: convidou o dançarino Léonide Massine para escrever o texto e montar a coreografia, e ninguém menos que Pablo Picasso (de quem Stravinsky se tornaria um grande amigo) para cuidar dos cenários e figurinos. A música para o balé foi baseada em partituras encontradas por Diaghilev no Conservatório de Nápoles, que, em um primeiro momento, foram todas atribuídas ao compositor oitocentista Pergolesi, mas, na verdade, incluíam também peças de outros compositores italianos do período. A aproximação com esse universo musical era uma novidade na obra de Stravinsky, e por isso Pulcinella é considerado um marco inaugural da sua fase neoclassicista. O cerne barroco do material de origem continua presente, mas Stravinsky retrabalha a instrumentação para a linguagem moderna, oferecendo uma roupagem harmônica que dialoga com seus trabalhos anteriores, de forte influência da tradição russa.

22 jul 2023
sábado, 18h00

Sala Minas Gerais
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