Os encantos do barroco italiano

Marcos Arakaki, regente convidado
Ana Lucia Benedetti, mezzo-soprano
Daniel Umbelino, tenor
Savio Sperandio, baixo

|    Fora de Série

MALIPIERO
RESPIGHI
STRAVINSKY
Vivaldiana
Árias e danças antigas: Suíte nº 2
Pulcinella

Marcos Arakaki, regente convidado

Marcos Arakaki é maestro, professor e palestrante, ganhador dos prêmios I Concurso Nacional Eleazar de Carvalho para Jovens Regentes e o Camargo Guarnieri. Doutorando em Estudos Artísticos na Universidade de Coimbra, concluiu o mestrado em regência orquestral pela University of Massachusetts e o bacharelado em violino pela Unesp. Arakaki tem dirigido as principais orquestras sinfônicas brasileiras, além de orquestras nos Estados Unidos, México, Argentina, República Tcheca e Ucrânia. Colaborou com importantes artistas, como Pinchas Zukerman, Victor Julien-Laferrière, David Gérrier, Pacho Flores, Gabriela Montero, Sergio Tiempo, Anna Vinnitskaya, Vladimir Feltsman, Ricardo Castro e Yamandu Costa. Foi regente associado da Filarmônica de Minas Gerais de 2011 a 2019, regente assistente da Orquestra Sinfônica Brasileira, regente titular da Orquestra Sinfônica da Paraíba, Sinfônica da UFPB e da OSB Jovem. Gravou a trilha sonora do filme Nosso Lar, composta por Philip Glass, com a OSB. Atualmente é o maestro da Orquestra Parassinfônica de São Paulo e autor dos livros A História da Música Clássica Através da Linha do Tempo e Conhecendo a Orquestra – Os Instrumentos.

Natural de São Paulo, Ana Lucia estudou piano no Conservatório de Música Ars et Scientia e é Bacharel em Canto pela Faculdade Mozarteum, na classe de Francisco Campos Neto. Estudou também com Hildalea Gaidzakian, Marcos Thadeu, Regina Elena Mesquita, Gabriel Rhein-Schirato e Eliane Coelho. Desde 2010, obtém orientação vocal de Isabel Maresca. Foi 1º lugar no IX Concurso de Canto Maria Callas (2009), Melhor Voz Feminina no IV Concurso de Canto Carlos Gomes (2011), 3º lugar no IX Concurso Internacional de Canto Bidu Sayão (2011) e finalista do VI Concurso de Interpretação da Canção de Câmara Brasileira (2004). Ana Lucia cantou as Sinfonias nº 2 e nº 8 de Mahler, a Sinfonia nº 9 de Beethoven, A danação de Fausto de Berlioz, o Réquiem de Verdi, o Magnificat-Aleluia de Villa-Lobos, sob regência dos maestros Roberto Minczuk, Silvio Viegas, John Neschling e Roberto Tibiriçá, entre outros. Destacou-se como Jacinthe e Ursule em Le Domino Noir de Auber; como Dorothea Frescopane em Le convenienze ed inconvenienze teatral de Donizetti; como Juno em Orfeu no inferno de Offenbach; e como Lola em Cavalleria Rusticana de Mascagni.

Vencedor do Primeiro Prêmio Masculino e do Prêmio Personagem Alfredo Germont no 15º Concurso Maria Callas, o tenor Daniel Umbelino é formado pela Escola de Música do Estado de São Paulo. Foi aluno de Ernesto Palacio e Juan Diego Florez na Accademia Rossiniana em Pesaro (Itália). Já trabalhou com grandes diretores como Graham Vick, Emílio Sagi, Bruno Berger-Gorski, Jorge Takla e André Heller-Lopes. E também com grandes maestros da cena internacional como Francesco Lanzillotta, Diego Matheuz, Nicolas Nägele e Luiz Fernando Malheiro. Com um repertório voltado a Rossini e ao bel canto, interpretou a maioria dos grandes papéis de tenor rossinianos, como Almaviva (O barbeiro de Sevilha), Lindoro (Uma italiana na Algéria), Belfiore e Liebenskoff (Il Viaggio a Reims), Rodrigo (Otello) e Bertrando (L’Inganno Felice). Já se apresentou em importantes palcos do Brasil e do mundo, como SemperOper (Dresden, Alemanha), Royal Opera House Muscat (Omã), Rossini Opera Festival em Pesaro (Itália), Teatro São Pedro e Festival Amazonas de Ópera.

A voz e a presença cênica marcantes de Savio Sperandio o tornam um dos artistas mais solicitados do Brasil. Interpretou papéis em óperas nos principais teatros do país e também no exterior, incluindo o Teatro Colón de Buenos Aires, o Teatro Real de Madrid, Palau de les Arts Reina Sofía em Valência, Festival Rossini Wildbad, Rossini Opera Festival de Pesaro, entre outros. Sperandio já se apresentou com as principais orquestras brasileiras, sendo solista em algumas das obras mais conhecidas do repertório sinfônico, como o Réquiem de Mozart, a Messa da Requiem de Verdi, o Messiah de Haendel e a Nona Sinfonia de Beethoven. No repertório operístico, destaque para as vozes de baixo em O barbeiro de Sevilha, Uma italiana na Algéria e A viagem a Reims, todas de Rossini, e de óperas consagradas de Mozart, Stravinsky, Verdi e outros.

Programa de Concerto

Vivaldiana | MALIPIERO

Para muitos, o mais injustiçado dos compositores que formaram a chamada Geração de Oitenta (1880), Gian Francesco Malipiero foi uma figura importante na cena musical italiana do século XX, tanto por sua vasta produção original como por seu trabalho de recuperação do catálogo de conterrâneos que vieram antes, principalmente o de Monteverdi. Como não poderia deixar de ser, essas duas frentes de atuação se influenciavam mutuamente, por isso, boa parte das composições de Malipiero estabelece um diálogo direto com a música de outros tempos. A Vivaldiana é uma despretensiosa, mas criativa, transcrição para orquestra clássica de seis excertos de diferentes concertos do mestre veneziano. Sem descaracterizar em excesso o material que o inspirou, Malipiero funde os excertos em três movimentos duplos, cada qual subdividido por uma mudança de tempo e de perspectiva, e oferece a eles uma nova e inspirada coloração sinfônica. A obra foi escrita em 1952, mesmo ano em que Malipiero assumiu a presidência do Instituto Italiano Antonio Vivaldi, onde foi responsável por editar vários volumes de um projeto de registro e publicação de toda a obra instrumental do compositor de As quatro estações.

Respighi pertence à chamada Geração de Oitenta (1880) que, na Itália dominada por longa tradição operística, lutou pelo renascimento de uma música instrumental vigorosa. Violista renomado, Respighi teve formação cosmopolita. Tocou na Orquestra da Ópera de São Petersburgo e estudou com Rimsky-Korsakov, de quem herdou a ciência da instrumentação. Em Berlim, foi discípulo do conservador Max Bruch; entretanto, soube enriquecer sua paleta orquestral em contato com os aspectos inovadores das obras de Richard Strauss e Debussy. Por outro lado, o compositor também se identificava fortemente com o passado musical de seu país. Com liberdade e criatividade, Respighi soube interpretar aspectos sugestivos de antigas obras renascentistas e barrocas, utilizando uma orquestração extremamente inventiva e atraente. As três suítes de Árias e danças antigas refletem esse interesse pelos velhos mestres – cada uma possui quatro movimentos, a maioria deles retirados de peças para alaúde de autores italianos e franceses dos séculos XVI e XVII. A Suíte nº 2 começa com um balé elegante e depois se encaminha para uma dança mais festiva, marcada por contrastes sonoros. O terceiro movimento, por sua vez, rompe com os anteriores em seu andamento lento e emotivo. A suíte se encerra em uma ambientação pastoral, com uma última dança inspirada na música popular do norte da Itália.

Stravinsky apareceu para o mundo no início dos anos 1910, com o sucesso dos balés O pássaro de fogo, Petrushka e A Sagração da Primavera, todos comissionados pelo diretor da famosa companhia Balés Russos, Sergei Diaghilev. Após alguns anos afastados, Stravinsky e Diaghilev retomaram sua bem-sucedida parceria em 1920 com Pulcinella, balé inspirado na commedia dell’arte, uma expressão do teatro popular italiano. Para esse retorno, o produtor russo não poupou esforços: convidou o dançarino Léonide Massine para escrever o texto e montar a coreografia, e ninguém menos que Pablo Picasso (de quem Stravinsky se tornaria um grande amigo) para cuidar dos cenários e figurinos. A música para o balé foi baseada em partituras encontradas por Diaghilev no Conservatório de Nápoles, que, em um primeiro momento, foram todas atribuídas ao compositor oitocentista Pergolesi, mas, na verdade, incluíam também peças de outros compositores italianos do período. A aproximação com esse universo musical era uma novidade na obra de Stravinsky, e por isso Pulcinella é considerado um marco inaugural da sua fase neoclassicista. O cerne barroco do material de origem continua presente, mas Stravinsky retrabalha a instrumentação para a linguagem moderna, oferecendo uma roupagem harmônica que dialoga com seus trabalhos anteriores, de forte influência da tradição russa.

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22 jul 2023
sábado, 18h00

Sala Minas Gerais
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