Revisitando Carmen e Fausto

José Soares, regente
Rachel Barton Pine, violino

|    Fora de Série

SARASATE
SARASATE
R. SHCHEDRIN
Fantasia sobre temas da "Carmen" de Bizet, op. 25
Nova fantasia sobre Fausto, op. 13
Suíte da "Carmen" de Bizet

José Soares, regente

Natural de São Paulo, José Soares é Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2022, tendo sido seu Regente Assistente nas duas temporadas anteriores. Venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio (Tokyo International Music Competition for Conducting 2021), recebendo também o prêmio do público. Bacharel em Composição pela Universidade de São Paulo, iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos. Estudou com o maestro Claudio Cruz e teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi e Leonid Grin. Foi orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Libreich no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. Pelo Prêmio de Regência recebido no festival, atuou como regente assistente da Osesp na temporada 2018. José Soares foi aluno do Laboratório de Regência da Filarmônica e convidado pelo maestro Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Em 2023, estreia como convidado da Osesp e de orquestras no Japão.

Igualmente interessada pelas grandes obras-primas clássicas e por peças contemporâneas, a violinista Rachel Barton Pine se destaca por suas performances calorosas e por seu importante trabalho de resgate histórico de compositores e compositoras negras. Como solista, apresentou-se com muitas orquestras prestigiadas, incluindo as sinfônicas de Chicago, Viena e Detroit, a Orquestra da Filadélfia, a Royal Philarmonic e a Camerata Salzburg. Entre os regentes com quem colaborou estão Zubin Mehta, Erich Leinsdorf, Neeme Järvi, Marin Alsop e Neville Marriner. Pine possui uma extensa discografia de 39 discos, tendo alguns deles figurado no topo da classificação da Billboard Classical. Venceu vários dos principais prêmios mundiais, incluindo uma medalha de ouro na Competição Internacional Johann Sebastian Bach, em 1992. Mantém a Rachel Barton Pine Foundation, que realiza ações de incentivo à carreira de jovens músicos e desenvolve, há duas décadas, o projeto Music by Black Composers, que já recuperou mais de 900 obras de aproximadamente 450 compositores negros do século XVIII até os dias atuais.

Programa de Concerto

Fantasia sobre temas da "Carmen" de Bizet, op. 25 | SARASATE

No século XIX, o violino era o instrumento melodioso por excelência, e Pablo de Sarasate foi, sem dúvidas, um de seus expoentes máximos. Com técnica fluida, equilíbrio, nobreza e precisão, o espanhol radicado na França conquistou plateias em toda a Europa e nas Américas, realizando muitas turnês e temporadas de concertos ao longo de seus 64 anos de dedicação à música. Naquela época, esperava-se dos grandes virtuoses que apresentassem composições de sua autoria, e Sarasate logo tornou-se conhecido por um repertório próprio de fantasias sobre temas operísticos. Sua Fantasia sobre temas da "Carmen", inspirada na criação de Georges Bizet, conquistou um lugar cativo no repertório violinístico. Carmen foi a última ópera escrita por Bizet e, ao contrário das anteriores, não contou com uma recepção muito positiva em sua estreia, em 1875. A Fantasia de Sarasate mudou esse cenário logo na década seguinte, contribuindo para a sua popularização. Dividida em cinco movimentos, todos inspirados em temas que fazem referência direta à tempestuosa protagonista, a obra se destaca pela inventividade, pela costura sutil entre momentos díspares do trabalho original e, como de praxe em se tratando de Sarasate, pelo exímio domínio técnico do instrumento solista.

O compositor espanhol Pablo de Sarasate ficou tão arrebatado pela ópera Fausto, de Charles Gounod, que escreveu duas fantasias sobre temas da obra. A segunda delas, Nova fantasia sobre Fausto, foi composta originalmente em 1874 para violino e piano, mas o compositor logo fez também uma versão para solista e orquestra. A obra começa com um acorde dramático no piano e, em seguida, o instrumento solista entra com uma passagem radiante. Depois da abertura, Sarasate segue para a música do segundo ato da ópera, quando Fausto já fez seu pacto com o demônio Mefistófeles. Mefistófeles canta a ária Le veau d’or, que Sarasate traduz para o violino com rigor e beleza. O tema final da obra vem da famosa Valsa de Fausto.

Nascido em 1932, em Moscou, onde vive até hoje, Rodion Shchedrin é o mais reconhecido compositor russo da segunda metade do século XX. Aliando o trabalho acadêmico a produções de cunho abertamente popular, Shchedrin construiu uma obra marcada pela exploração das tradições musicais e literárias de sua terra natal e pelo trânsito por diversos gêneros e linguagens. Dentre suas produções para o palco, a suíte da ópera Carmen, de Georges Bizet, é uma das mais queridas e executadas desde sua estreia, em 1967. Pensada como acompanhamento para um balé coreografado por Alberto Alonso, do Balé Nacional de Cuba, foi a primeira peça que Shchedrin escreveu para sua esposa Maya Plisetskaya, na época a primeira bailarina do Teatro Bolshoi. Trata-se de uma transcrição brilhante, na qual a exuberância das texturas de Bizet é mantida, ao mesmo tempo em que são complementadas com novos recursos orquestrais. Nesse sentido, uma das características mais marcantes da releitura de Shchedrin é a sua opção incomum por manter apenas as cordas e a percussão no corpo da orquestra, mas também conferir potência extra a ambas, ampliando o número de músicos nas cordas e lançando mão de uma gama imensa de instrumentos de percussão.

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19 ago 2023
sábado, 18h00

Sala Minas Gerais
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