Sonoridades argentinas e caribenhas

Maximiano Valdés, regente convidado
Cristian Budu, piano

|    Allegro

|    Vivace

R. SIERRA
RACHMANINOV
GINASTERA
GERSHWIN
Sinfonia nº 2, "Gran passacaglia”
Concerto para piano nº 4 em sol menor, op. 40
Pampeana nº 3
Abertura Cubana

Maximiano Valdés, regente convidado

Atual regente da Orquestra Sinfônica de Porto Rico, Maximiano Valdés desenvolveu sua carreira musical nos Estados Unidos e em diferentes países da Europa, da Ásia e da América Latina. Conduziu diversas orquestras ao redor do globo, tendo sido regente titular da Orquestra do Principado das Astúrias, na Espanha, por dezesseis anos. Esteve à frente também de algumas das principais orquestras dos Estados Unidos e do Canadá, como as sinfônicas da Filadélfia, de Chicago, de St. Louis, de Vancouver, de Toronto e de Montreal, além da Filarmônica de Nova York e a do Centro de Artes de Ottawa. Valdés também produziu numerosas óperas em cidades europeias como Paris, Roma, Londres e Barcelona, além de Santiago, capital do Chile, seu país de origem. Em 2010, aceitou o convite para ser diretor artístico do Festival Casals de Porto Rico. Em 2021, recebeu distinção como professor de musicologia na Universidade de Porto Rico e o título honorário de Doutor.

Vencedor do Concurso Internacional Clara Haskil em 2013, Cristian Budu vem se consolidando como um dos mais importantes pianistas brasileiros desta geração. Sua gravação dos Prelúdios integrou a lista das “50 melhores gravações de Chopin” da revista Gramophone, ao lado de interpretações históricas de Martha Argerich, Arthur Rubinstein e Maria João Pires, entre outros. Também conquistou prêmios como Instrumentista do Ano da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA), em 2017, e Melhor Concerto do Ano pelo Guia da Folha, em 2016. Filho de romenos, Budu cresceu em Diadema (SP) e cursou a Fundação das Artes de São Caetano do Sul. Nos EUA, integrou um quarteto de música brasileira que venceu o Honors Competition do NEC de Boston. Enquanto solista, já esteve à frente da Orquestra Sinfônica de Lucerna, Orquestre de la Suisse Romande, Orquestra Sinfônica da Rádio de Stuttgart e em salas de renome da Europa. Budu também é idealizador do Pianosofia, projeto de saraus que busca democratizar o acesso à música clássica no Brasil.

Programa de Concerto

Sinfonia nº 2, "Gran passacaglia” | R. SIERRA

Professor de composição na Cornell University há mais de trinta anos, o porto-riquenho Roberto Sierra escreveu obras comissionadas para algumas das principais orquestras norte-americanas, além de ter atuado como compositor residente da Sinfônica de Milwaukee durante três anos. Sua música aproxima o modernismo europeu (influência de Ligeti, que foi seu professor) de sonoridades, ritmos e instrumentos caribenhos e latinos, em um processo que ele nomeia como “tropicalização”. Com rica coloração orquestral, a Sinfonia nº 2 expressa esse encontro entre a linguagem clássica e a popular que define a visão de Sierra. “É assim que eu ouço música: em Tecnicolor, não em preto e branco”. As diferentes emoções que o compositor busca transmitir aparecem, assim, em texturas complexas e na fusão de ritmos e estruturas harmônicas. A revista especializada Fanfare definiu a sua Segunda Sinfonia como densa e cuidadosamente construída, uma obra que demonstra todo o talento e imaginação de seu criador.

Dois meses após a Revolução Russa, em outubro de 1917, Sergei Rachmaninov fugia de seu país com a esposa e as duas filhas para nunca mais voltar. Com a Revolução, vieram as mudanças drásticas em seu modo de vida e a dissolução de seu mundo. Para sobreviver no exílio com a família, teve que abandonar uma promissora carreira de compositor para se dedicar inteiramente à performance. Grande pianista, passou a década seguinte construindo uma reputação de concertista sem precedentes – na época, comparável apenas à de Liszt no século anterior. Com uma agenda exaustiva de concertos nos quatro cantos do mundo, Rachmaninov acreditava que a inspiração para compor chegara ao fim. Apenas em 1925 ele retomaria as anotações trazidas da Rússia para estruturar seu Concerto para piano nº 4. Enquanto suas obras deste gênero escritas no período russo se inseriam claramente na tradição pós-romântica do fim do século XIX, a grande precisão técnica, a busca por simplicidade, a economia de meios na escrita para o piano e um maior interesse pelo colorido orquestral garantem ao opus 40 uma sonoridade indiscutivelmente mais moderna.

O argentino Alberto Ginastera é amplamente conhecido pela sua forte verve patriótica, que aparece de maneira vivaz em muitas de suas composições. Suas Pampeanas, como o próprio nome indica, são excelentes exemplos dessa característica. Todas foram escritas na virada dos anos 1940 para os 1950, quando Ginastera retornou a Buenos Aires após um período morando nos Estados Unidos. Enquanto as duas primeiras são peças para câmara, a terceira é uma típica sinfonia pastoral, que evoca as raízes musicais do compositor propondo uma espécie de contemplação sonora dos pampas argentinos. Seu primeiro movimento é sereno e introspectivo, como um convite para observarmos a natureza. O segundo movimento, “Impetuosamente”, é mais intenso e vigoroso. Já o movimento final combina traços dos anteriores, mas favorecendo a abordagem meditativa do início da Sinfonia.

A Abertura Cubana (primeiramente intitulada Rumba) foi composta bem antes de se instalar a tensa relação entre Cuba e os Estados Unidos. A obra foi motivada pelas lembranças das férias que Gershwin passou em Havana em fevereiro de 1932, “duas semanas histéricas”, em que basicamente circulou por salões de baile, dormiu pouco e não escreveu sequer uma linha. A Abertura está repleta de citações e apropriações de melodias e ritmos caribenhos, e traz uma orquestração de cores muito vivas, em que brilham os instrumentos de percussão típicos da região, como guiros, maracas, claves e bongôs. Enérgica e dançante, a composição foi escrita quando Gershwin estava no auge de sua popularidade, sendo constantemente requisitado para colaborar com produções de Hollywood e da Broadway. Pode-se dizer que a Abertura Cubana captura algo da euforia desse momento na vida do artista, mantendo sua paixão por formas populares já bem estabelecidas na aproximação com o universo sinfônico.

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31 ago 2023
quinta-feira, 20h30

Sala Minas Gerais

1 set 2023
sexta-feira, 20h30

Sala Minas Gerais
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