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Hoje considerado um dos mais importantes compositores mexicanos do século XX, Silvestre Revueltas morreu jovem e sem reconhecimento, aos quarenta anos. Nos seus últimos dez anos de vida, foi extremamente produtivo e escreveu suas obras mais importantes, mas também passou por um inferno particular. Sem emprego, afundou-se no alcoolismo e oscilava constantemente entre períodos de euforia criativa e momentos de profunda depressão. O poema sinfônico Sensemayá faz parte dessa última fase da vida de Revueltas, quando suas composições tornaram-se mais intensas e tristes. Em maio de 1937, ele compôs a primeira versão da obra, para grupo de câmara, e em 1938 finalizou a versão para orquestra. O trabalho é intimamente inspirado no poema “Sensemayá, canto para matar una culebra” (Sensemayá, canto para matar uma cobra), do poeta cubano Nicolás Guillén. Com o acúmulo progressivo de material temático e um ritmo cada vez mais obsessivo, Revueltas recria fielmente o caráter hipnótico do poema. Segundo o compositor, “há em mim uma compreensão muito peculiar da natureza: tudo é ritmo. Meus ritmos são crescentes, dinâmicos, táteis e visuais. Eu penso em imagens melódicas que se movem dinamicamente”. Sensemayá é uma obra vigorosa, forte como a evocação de um ritual primitivo, extraordinariamente seca e sem rodeios.