Piotr Ilitch TCHAIKOVSKY
Instrumentação: piccolo, 2 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, cordas.
A ópera A dama de espadas, em três atos, foi a penúltima de uma produção considerável de onze óperas que Tchaikovsky compôs no espaço de vinte e quatro anos, entre 1867 e 1891. Tendo escrito uma carta, em 7 de dezembro de 1887, desculpando-se com o diretor dos Teatros Imperiais, Ivan Vsevolozhsky, pelo fracasso de A feiticeira, sua mais recente ópera, Tchaikovsky recebeu, como resposta, a encomenda de uma nova ópera, baseada no conto A dama de espadas, do grande Aleksandr Pushkin. Curiosamente, naquele mesmo momento, o irmão de Tchaikovsky, Modest, trabalhava em um libreto de A dama de espadas para outro compositor, Nikolay Klenovsky. Por essa circunstância, apenas em novembro de 1889 é que Tchaikovsky aceitou compor a ópera, após saber da desistência de Klenovsky. O trabalho de composição teve início no ano seguinte e, em 15 de março, o rascunho ficou pronto. Em abril, a partitura para canto e piano estava terminada e, em 20 de junho, o compositor completou a orquestração. A estreia, triunfante, se deu no dia 19 de dezembro de 1890, no Teatro Mariinsky, em São Petersburgo, sob a regência de Eduard Nápravník.
A música composta por Tchaikovsky para essa ópera é uma das mais dramáticas e obscuras que se encontram em sua obra. O enredo narra a história de Herman, soldado empobrecido que decide conseguir, de uma velha Condessa, por todos os meios ao seu alcance, o segredo de suas infalíveis cartas. No segundo ato, em um baile em São Petersburgo, o príncipe Yeletsky encontra Liza, neta da Condessa, triste, e decide então lhe declarar o seu amor: Ja vas lyubliu (“Eu te amo, eu te amo acima de todas as coisas. Eu não posso viver sem você. Estou pronto para fazer, por você, tudo o que for necessário. Mas não quero reprimir a liberdade de sua alma”). Uma ária encantadora, com uma das mais belas melodias que Tchaikovsky escreveu.
Guilherme Nascimento
Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.