Samuel BARBER
Filho de um médico e de uma pianista, Barber teve sólida formação humanística. Aos 14 anos, começou a estudar regularmente canto, piano, composição e, desde então, sempre trabalhou como compositor, deixando uma obra vultosa – canções, balés, óperas, música para piano, sinfônica e camerística – que se impõe por aliar ao equilíbrio arquitetônico um lirismo intenso, espontâneo e um poético sentimento melódico. Quando Barber tinha 28 anos, Arturo Toscanini apresentou o Adágio para cordas, com a NBC Symphony Orquestra. O sucesso dessa obra colocou Barber entre os mais populares compositores norte-americanos, ao lado de Copland e Gershwin.
Seus antecessores imediatos, em atividade nas primeiras décadas do século XX (entre eles, Roy Harris, Virghil Thonson, Roger Session, Walter Piston e Aaron Copland), foram quase todos discípulos da célebre professora francesa Nadia Boulanger, que lhes transmitiu a sabedoria e a eficiência das formas clássicas. A assimilação dessa herança tornou-se uma resposta americana justificável à falta de uma tradição musical erudita autenticamente própria. De fato, a música norte-americana, no início do século passado, ainda não se afirmara como valor universal – ao contrário da literatura de Herman Melville, E. A. Poe, Henry James, Hawthorne, Walt Whitman e tantos outros. A obra de Barber, verdadeiro expoente do pós-romantismo nos Estados Unidos, manteve-se fiel a essa corrente “fundacionista”, tradicional e conservadora, ignorando os experimentalismos de Charles Ives, de Edgar Varèse ou o vanguardismo de John Cage.
Entre suas principais composições, destacam-se a Música para uma cena de Shelley (1933), a Sinfonia em movimento (1937), os Ensaios para orquestra (1938 e 1942), o Concerto para violino (1939), o Concerto para piano (1962), a ópera Vanessa (1958), a cantata Knoxville: verão de 1915 e o oratório Preces de Kirkgaard. Na década de 1940, atraído pelas obras de Milhaud e Stravinsky, Barber diversificou sua paleta orquestral: no Capricorn-Concert e no balé Medéia, de 1946, utiliza, com tensão admiravelmente expressiva, elementos atonais. Em 1949, em sua grande Sonata para piano, dedicada ao pianista Vladimir Horowitz, fez uma breve incursão na técnica dodecafônica. Mas, no todo, Barber manteve-se fiel à vertente mais conservadora da música americana. Surpreendentemente, a evolução de seu estilo criou, em seu classicismo romântico, uma obra viva e bela.
Além de compositor, Barber foi também um intérprete talentoso, e o prazer de se apresentar como pianista ou cantor (era um excelente barítono), certamente, o motivava para a criação de Concertos, preocupando-se em adaptar a música à personagem do intérprete destinatário. O Concerto para Violoncelo foi encomendado por Serge Koussevitzky e destinava-se a Raya Garbousova, que, na década de 1940, estava no auge de sua carreira. Barber procurou escutá-la em recital e ficou surpreso com a virtuosidade da solista. Presenteou-a então com uma obra de impressionante dificuldade técnica e belos efeitos idiomáticos para o instrumento, embora o concerto mantenha-se convencional em sua estrutura de três movimentos e no conteúdo romântico.In the Violin Concerto he compoased five years earlier, Barber showed an abrupt contrast between the outgoing lyric expressiveness that had characterized much of his earlier work, in the first two movements, and a pithy, more driving and even acerbic style in the perpetuum mobile finale: in this respect the Cello Concerto is more “all of a piece,” for both styles are present in all three movements, in a beautifully calculated balance. O movimento de abertura, Allegro moderato, é notável pelo equilíbrio formal e pela força dramática. O terno movimento lento, Andante sostenuto, em modo menor, tem caráter vocal, ritmo siciliano, sobre a suavidade das cordas. No Molto allegro e appassionato final, o segundo tema é introduzido como um recitativo, e o diálogo do solista e da orquestra se desenvolve com um impulso dramático, às vezes sombrio.
A primeira apresentação pública do Concerto para Violoncelo, op. 22 aconteceu em 05 de abril de 1946, com Raya Garbousova ao violoncelo e a Boston Symphony Orchestra conduzida por Serge Koussevitzky. The work enters the repertory of the National Symphony Orchestra in the present concerts.
Paulo Sérgio Malheiros dos Santos
Pianista, Doutor em Letras, professor de Música da UEMG, autor do livro Músico, doce músico.