É comum que a obra de Richard Wagner seja dividida em três fases distintas: formação (1832 a 1840), transição (1841 a 1848) e maturidade (1849 a 1883, ano de seu falecimento). Essa organização temporal marca, com didatismo, o processo de desenvolvimento de uma linguagem musical e dramática singular e progressivamente ambiciosa, que desponta de modo ainda bastante incipiente nas primeiras óperas para depois se expandir com ímpeto transgressor e profunda originalidade.
Lohengrin é o sexto drama completo escrito por Wagner e marca o final da sua fase de transição. Junto a O Navio Fantasma e Tannhäuser, forma a trinca de óperas de inspiração romântica – ou Romantische Oper, como ele próprio as chamava. São trabalhos em que o compositor alemão ainda se pautava por formas relativamente tradicionais, como a grand opéra francesa, mas já prefere escrever os próprios libretos e demonstra interesse por lendas e mitos antigos.
De inspiração arturiana, a trama se passa na Antuérpia medieval e tem como protagonistas Elsa, uma bela jovem acusada de assassinar o irmão do poderoso Duque Telramond, e o cavaleiro misterioso que vem ao seu resgate em um barco puxado por cisnes, Lohengrin. Na obra, encontramos o primeiro uso realmente sistemático dos temas recorrentes associados a personagens ou situações específicas – os famosos leitmotifs wagnerianos – que seriam elaborados posteriormente na tetralogia O Anel de Nibelungo.
Os Prelúdios do primeiro e do terceiro ato estão entre os trechos mais conhecidos de Lohengrin, que foi estreada em 1850, em Weimar, sob regência de Franz Liszt. O Prelúdio do Ato I apresenta, entre outros, o tema do Cálice Sagrado e representa uma ruptura, no contexto alemão, ao modelo de introdução orquestral weberiano. O Prelúdio do Ato III, por sua vez, é mais curto e abre a cena do casamento entre Lohengrin e Elsa.