Fora de Série 1 (2025)

Fabio Mechetti, regente

|    Fora de Série

GERSHWIN
COPLAND
BARBER
BERNSTEIN
Shall We Dance: Sequência final de danças
Appalachian Spring: Suíte
Meditação e dança da vingança de Medeia, op. 23a
West Side Story: Danças Sinfônicas

Fabio Mechetti, regente

Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais desde a sua fundação, em 2008, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Construiu uma sólida carreira nos Estados Unidos, onde esteve quatorze anos à frente da Sinfônica de Jacksonville, foi regente titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane e conduz regularmente inúmeras orquestras. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela realizou concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Conduziu as principais orquestras brasileiras e também em países da Europa, Ásia, Oceania e das Américas. Em 2014, tornou-se o primeiro brasileiro a ser Diretor Musical de uma orquestra asiática, com a Filarmônica da Malásia. Mechetti venceu o Concurso de Regência Nicolai Malko e é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School. Na Temporada 2024, apresentou-se com a Orquestra Petrobrás Sinfônica e retornou ao Teatro Colón, onde conduziu a Filarmônica de Buenos Aires.

Programa de Concerto

Shall We Dance: Sequência final de danças | GERSHWIN

George Gershwin foi um dos compositores mais brilhantes e bem-sucedidos dos Estados Unidos nas décadas de 1920 e 1930. Filho de imigrantes russos, Gershwin nasceu no Brooklyn e aprendeu a tocar piano com doze anos de idade. Cansado da escola, largou os estudos aos quinze para viver de música no Tin Pan Alley, lendária vizinhança em Manhattan onde trabalhavam os principais compositores e editoras musicais da época. Em 1919, emplacou seu primeiro grande sucesso com “Swanee”, gravada pelo cantor Al Jolson. A canção lhe abriu as portas da Broadway, onde Gershwin compôs para dezenas de espetáculos, acumulando prestígio e fortuna. Quando completou 30 anos, em 1928, Gershwin era considerado também um dos nomes mais promissores da música orquestral, graças ao modo inovador como fundia a linguagem sinfônica tradicional com a empolgante e emergente sonoridade do jazz. Sua Rhapsody in Blue, composta em 1924, tornou-se um clássico e abriu caminhos para a consolidação de uma identidade tipicamente norte-americana na música de concerto. Apesar de seu interesse pelo universo sinfônico, Gershwin não se afastou da música popular nos anos seguintes. Em 1936, ele assinou, com seu irmão e grande parceiro Ira Gershwin, um contrato com os estúdios RKO para compor trilhas sonoras para musicais de Hollywood. O primeiro dos três filmes resultantes desse contrato foi Shall We Dance, estrelado pela icônica dupla Fred Astaire e Ginger Rogers. Apesar de não ter sido o sucesso estrondoso que se esperava, o filme ficou na memória do público graças às canções marcantes dos irmãos Gershwin. A “Sequência final de danças” reúne os números que encerram o filme, iniciando com “Hoctor’s Ballet” (escrito para a bailarina Harriet Hoctor, que também atua em Shall We Dance) e fechando com a faixa-título e uma breve coda.

Na segunda metade dos anos 1930, o sucesso de sua peça orquestral El Salón México, do balé Billy the Kid e de trilhas sonoras para filmes de Hollywood ajudaram a estabelecer a reputação de Aaron Copland como “o mais americano dos compositores”. Escrita entre 1943 e 1944, Appalachian Spring fez com que Copland alcançasse também o reconhecimento internacional.  A obra foi encomendada pela Fundação Coolidge e estreada no Coolidge Auditorium da Biblioteca do Congresso, em Washington, no dia 30 de outubro de 1944. Como a concepção do balé partiu de Martha Graham, que coreografou e dançou a estreia, Copland compôs a música de acordo com suas ideias: “Algo que tivesse a ver com o espírito pioneiro americano, com juventude e primavera, com otimismo e esperança”. Sem um título, Copland passou a chamá-lo simplesmente de “Balé para Martha”. Quando faltavam apenas alguns dias para a estreia, Martha Graham sugeriu o título Appalachian Spring, a partir do poema “The Dance”, de Hart Crane. Como o Coolidge Auditorium é uma pequena sala de concertos planejada para música de câmara, o balé foi escrito para treze instrumentos. A estreia teve grande sucesso e, no ano seguinte, Copland fez alguns cortes na música, criando a suíte orquestral, dividida em oito seções, executadas sem intervalos. A primeira apresentação se deu no dia 4 de outubro de 1945 pela Orquestra Filarmônica de Nova York, sob a regência de Artur Rodzinski. A suíte rendeu ao compositor o Prêmio Pulitzer no mesmo ano. Appalachian Spring foi considerada, da noite para o dia, o mais fiel retrato musical dos Estados Unidos. Exceto por uma citação da canção tradicional “Simple Gifts”, de Joseph Brackett, o restante da música é original, embora inspirada no folclore norte-americano. Nas palavras do próprio Copland, ele apenas utilizou “ritmos e melodias que sugeriam certa ambiência americana”. [Texto adaptado de nota de programa de Guilherme Nascimento. Leia mais aqui.]

Diferentemente de contemporâneos que buscavam criar uma música tipicamente “americana”, Samuel Barber preocupava-se simplesmente em oferecer uma música acessível ao ouvinte. Raramente recorreu a elementos populares ou folclóricos, encontrando sua fonte de inspiração nas mais diversas tradições literárias. Refratário aos movimentos de vanguarda, sua produção caracteriza-se pela manutenção da linguagem tonal e de formas canônicas do Romantismo tardio, herança dos nove anos de uma rigorosa orientação musical recebida de Rosario Scalero. A partir dos anos 1940, no entanto, sua linguagem torna-se um pouco mais ousada, dissonante e cromática, estabelecendo um lirismo pessoal por meio da combinação de elementos barrocos e medievais com tendências neorromânticas. Em 1946, por encomenda do Ditson Fund, Barber escreveu o balé Medeia para a famosa coreógrafa e bailarina Martha Graham. O mito conta que Medeia casou-se com o argonauta Jasão após ajudá-lo a recuperar o velocino de ouro. Obrigada a abandonar sua terra natal, mata o próprio irmão a fim de escapar de seu pai. Após inúmeros eventos sangrentos, os dois acabam em Corinto, onde o rei Creonte convence Jasão a abandonar Medeia e a casar-se com sua filha. Banida de Corinto e humilhada, Medeia mata o rei, sua filha e seus próprios filhos tidos com Jasão, numa furiosa vingança.  Barber e Graham não utilizam em sua obra o mito como narrativa; interessa-lhes mais a capacidade das personagens de incorporarem e suscitarem estados psicológicos, tais como o ciúme e o desejo de vingança. Em 1948, o balé é adaptado para uma suíte em sete movimentos, estreada pela Philadelphia Orchestra regida por Eugene Ormandy. Finalmente, em 1953, a suíte é adaptada para uma obra de movimento único, Meditação e dança da vingança de Medeia, na qual lirismo e violência oscilam em uma intensa tragédia musical. [Texto adaptado de nota de programa de Igor Reyner. Leia mais aqui.]

Leonard Bernstein, judeu norte-americano nascido no estado de Massachusetts, mas nova-iorquino de coração, dotado de fina instrução musical e humanista, estudante na Universidade de Harvard, aluno de Fritz Reiner e, mais tarde, assistente de Serge Koussevitsky, pianista excelente, aclamado unanimemente por todo o mundo como regente, fez de sua arte e de sua vida uma atitude política: a de assumir e de abraçar sem reservas a liberdade, como homem, como cidadão, como musicista e como compositor. Sua obra reafirma artisticamente tal propósito de liberdade, sintetizando caminhos possíveis que as tendências musicais do século XX ajudaram a desbravar. Podemos notar duas grandes trilhas percorridas na obra original de Bernstein. De um lado, o trânsito fácil entre os meios de comunicação de massa, o teatro, o cinema e a música popular, sobretudo o jazz, numa linha semelhante àquela inaugurada por George Gershwin. De outro lado, a experimentação, muitas vezes focada não exatamente na proposição de novos modelos, mas na releitura daqueles já estabelecidos. Pertence à primeira grande tendência o musical West Side Story. A composição foi estreada em 1957 e até hoje muitas de suas canções são de franco conhecimento do público em geral. De fato, a obra como um todo representa um marco no teatro musical americano, não só pela associação aberta do jazz ao modelo de espetáculos da Broadway, mas pela adoção de artifícios musicais que são dignos da mais autêntica tradição operística, como o uso intrincado de conjuntos vocais, o artifício wagneriano dos leitmotives, dentre outros recursos.  Em West Side Story, a música de dança, mesmo em seu contexto de palco, tem caráter sinfônico. Por isso mesmo, essas danças também ganharam relativa autonomia, constituindo um todo orgânico, contido em si mesmo, ainda que desvinculadas de seu contexto original da ação de palco. [Texto adaptado de nota de programa de Moacyr Laterza Filho. Leia mais aqui.]

8 mar 2025
sábado, 18h00

Sala Minas Gerais
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