Amor impossível

Fabio Mechetti, regente
Marina Martins, violoncelo

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GUARNIERI
ELGAR
PROKOFIEV
Prólogo e Fuga
Concerto para violoncelo em mi menor, op. 85
Romeu e Julieta, op. 64: Excertos das Suítes n° 1 e n° 2

Fabio Mechetti, regente

Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais desde a sua fundação, em 2008, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Construiu uma sólida carreira nos Estados Unidos, onde esteve quatorze anos à frente da Sinfônica de Jacksonville, foi regente titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane e conduz regularmente inúmeras orquestras. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela realizou concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Conduziu as principais orquestras brasileiras e também em países da Europa, Ásia, Oceania e das Américas. Em 2014, tornou-se o primeiro brasileiro a ser Diretor Musical de uma orquestra asiática, com a Filarmônica da Malásia. Mechetti venceu o Concurso de Regência Nicolai Malko e é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School. Na Temporada 2024, apresentou-se com a Orquestra Petrobrás Sinfônica e retornou ao Teatro Colón, onde conduziu a Filarmônica de Buenos Aires.

Nascida em 1999, na Nova Zelândia, Marina Martins é uma jovem violoncelista que tem se estabelecido como um dos principais nomes da nova geração da música de concerto brasileira. Começou suas aulas de violoncelo aos três, e, aos oito, venceu seu primeiro concurso. Estreou como solista na Inglaterra, aos 16 anos. Desde então, apresentou-se na Suíça, Itália, França, Alemanha, Áustria, Estados Unidos, Canadá e Brasil. Venceu o concurso Jovens Solistas da Osesp em 2018, recebendo do júri a Medalha Eleazar de Carvalho, e o Prêmio Exilarte, na Áustria, em 2021. Como integrante do Trio Basilea, foi vencedora do Concurso Orpheus, na Suíça, em 2023. A convite do maestro Neil Thomson e da Orquestra Filarmônica de Goiás, Marina fez a primeira gravação comercial do Concerto para violoncelo de Claudio Santoro, como parte do projeto Brasil em Concerto, parceria entre o Selo Naxos e o Itamaraty. Sua estreia com a nossa Filarmônica aconteceu em agosto de 2022, interpretando essa mesma obra. Atualmente, Marina cursa mestrado na Academia de Música da Basileia e estuda música barroca na Schola Cantorum Basiliensis, ambas na Suíça. 

Programa de Concerto

Prólogo e Fuga | GUARNIERI

A década de 1940 mostrou-se um período de inspiração fértil e crescente reconhecimento para o compositor paulista Mozart Camargo Guarnieri. Em 1939, ele retorna ao Brasil após uma breve temporada em Paris, onde estudou técnicas de composição com Charles Koechlin (renomado musicólogo francês, que também foi professor de Poulenc, Tailleferre e outros) e regência com François Ruhlmann (regente da Ópera Garnier por mais de 30 anos). No ano seguinte, assume o cargo de Regente Titular da Orquestra Sinfônica Municipal de São Paulo, e, em 1942, realiza sua primeira viagem aos Estados Unidos para receber o prêmio Fleischer Music Collection por seu Concerto para violino nº 1 e para se apresentar com orquestras locais, incluindo a Sinfônica de Boston. Foi nessa fase da vida que Guarnieri escreveu algumas de suas obras mais importantes, como as Três Danças (1941), a Abertura Concertante (1942), o Concerto para piano nº 2 (1946) e suas duas primeiras Sinfonias (respectivamente, 1944 e 1945). Em todas elas, é possível perceber um compositor mais seguro, dono de linguagem própria mais consolidada, na qual o interesse pelo folclore musical do Brasil aparece de forma bastante explícita, porém sem citações de melodias e ritmos populares já conhecidos. Escrita em 1947, quando Guarnieri completou 40 anos, Prólogo e Fuga pode ser vista como um exercício de preferências composicionais em duas formas canônicas. A sua verve nacionalista desponta logo no tema introdutório, de caráter ameríndio, que é retrabalhado com intensidade progressiva ao longo do “Prólogo”. Na “Fuga”, um dos gêneros contrapontísticos por excelência, podemos ver outra característica marcante do estilo de Guarnieri: o apreço pela polifonia, que acreditava ser a técnica composicional mais adequada a uma música tipicamente brasileira.

Filho de um organista da igreja de Worcester, o jovem violinista Edward Elgar percorreu um longo caminho até se tornar o compositor mais reconhecido da Inglaterra nas primeiras décadas do século XX. Ainda hoje, sua imagem popular é a do artista que melhor expressou o orgulho patriótico dos súditos da Rainha Vitória e do Rei Eduardo VII. Embora impregnado de romantismo alemão, Elgar soube reencontrar a sonoridade e o sentimento peculiares à música inglesa, que desde a morte de Purcell, em 1695, encontrava-se escorada, sobretudo, em compositores estrangeiros. Depois da Primeira Guerra Mundial, Elgar voltou-se para a música de câmara, compondo peças mais austeras, despojadas e repletas de tristeza e ternura. Última grande obra do período outonal de Elgar, o Concerto para violoncelo apresenta uma orquestração contida, poética e opaca, que “deixa livre a alma do instrumento”, nas palavras de Pablo Casals. A obra inicia-se com uma inusitada introdução declamada pelo solista, e mantém, ao longo de todo o primeiro movimento, o caráter de um melancólico solilóquio. O andamento seguinte, por sua vez, sustenta-se impetuoso até o final, marcado pelo padrão rítmico constante das notas articuladas no violoncelo. O breve “Adagio” é notável por sua eloquência. Inicia-se com uma frase interrogativa da orquestra, seguida de arrebatadora melodia do violoncelo. O movimento lembra uma elegíaca canção sem palavras, passa por tonalidades remotas e deixa sem resposta a pergunta inicial. No amplo quarto movimento, a peça atinge surpreendente intensidade expressiva, exigindo grande virtuosidade do solista.

Quando, em 1934, Prokofiev recebeu uma encomenda do Balé Kirov (hoje chamado de Balé Mariinsky), ele logo sugeriu uma adaptação de Romeu e Julieta, de Shakespeare. A direção do Kirov achou um sacrilégio adaptar Shakespeare para o balé e desistiu da encomenda. Prokofiev assinou, então, um contrato com o Balé Bolshoi, mas, no ano seguinte, seria a direção do Bolshoi que desistiria da montagem. Quando ouviram a música pela primeira vez, acharam que seria impossível dançá-la.  Nos anos 1936 e 1937, desejando tornar o balé conhecido, mas impossibilitado de ter a obra coreografada, o compositor arranjou a música em duas suítes orquestrais (a Suíte nº 1, op. 64bis e a Suíte nº 2, op.64ter) e em um conjunto de dez peças para piano (op. 75). O balé foi estreado em sua versão original somente no dia 30 de dezembro de 1938, em Brno, atual República Tcheca. A estreia passou despercebida e apenas um ano depois, no dia 11 de janeiro de 1940, o Balé Kirov realizaria, em Moscou, a primeira execução soviética. Apesar dos bailarinos não terem compreendido plenamente a música e a orquestra ter tentado cancelar a apresentação para evitar um desastre, o Romeu e Julieta de Prokofiev foi muito bem recebido pelo público e se tornou um sucesso desde então. Em 1946, no intuito de rever algumas escolhas feitas para as duas primeiras suítes, Prokofiev criou uma terceira, incluindo outros trechos (Suíte nº 3, op. 101). Nenhuma das três resume com perfeição a grandiosidade do balé original, que possui três longos atos, totalizando aproximadamente duas horas e meia de apresentação. Esta versão apresentada pela Filarmônica de Minas Gerais foi montada pelo maestro Fabio Mechetti a partir de excertos selecionados das Suítes nº 1 e nº 2. A seleção busca ser mais fiel à ordem cronológica da peça de Shakespeare e garantir maior impacto dramático.

17 out 2024
quinta-feira, 20h30

Sala Minas Gerais

18 out 2024
sexta-feira, 20h30

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