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Quando, em 1934, Prokofiev recebeu uma encomenda do Balé Kirov (hoje chamado de Balé Mariinsky), ele logo sugeriu uma adaptação de Romeu e Julieta, de Shakespeare. A direção do Kirov achou um sacrilégio adaptar Shakespeare para o balé e desistiu da encomenda. Prokofiev assinou, então, um contrato com o Balé Bolshoi, mas, no ano seguinte, seria a direção do Bolshoi que desistiria da montagem. Quando ouviram a música pela primeira vez, acharam que seria impossível dançá-la.
Nos anos 1936 e 1937, desejando tornar o balé conhecido, mas impossibilitado de ter a obra coreografada, o compositor arranjou a música em duas suítes orquestrais (a Suíte nº 1, op. 64bis e a Suíte nº 2, op.64ter) e em um conjunto de dez peças para piano (op. 75). O balé foi estreado em sua versão original somente no dia 30 de dezembro de 1938, em Brno, atual República Tcheca. A estreia passou despercebida e apenas um ano depois, no dia 11 de janeiro de 1940, o Balé Kirov realizaria, em Moscou, a primeira execução soviética. Apesar dos bailarinos não terem compreendido plenamente a música e a orquestra ter tentado cancelar a apresentação para evitar um desastre, o Romeu e Julieta de Prokofiev foi muito bem recebido pelo público e se tornou um sucesso desde então.
Em 1946, no intuito de rever algumas escolhas feitas para as duas primeiras suítes, Prokofiev criou uma terceira, incluindo outros trechos (Suíte nº 3, op. 101). Nenhuma das três resume com perfeição a grandiosidade do balé original, que possui três longos atos, totalizando aproximadamente duas horas e meia de apresentação.
Esta versão apresentada pela Filarmônica de Minas Gerais foi montada pelo maestro Fabio Mechetti a partir de excertos selecionados das Suítes nº 1 e nº 2. A seleção busca ser mais fiel à ordem cronológica da peça de Shakespeare e garantir maior impacto dramático.