Ópera italiana, alegria e paixão

Fabio Mechetti, regente
Licio Bruno, baixo-barítono

|    Fora de Série

BELLINI
ROSSINI
CIMAROSA
PUCCINI
MASCAGNI
VERDI
VERDI
VERDI
Norma: Abertura
Um turco na Itália: Abertura
O mestre de capela
Capricho Sinfônico
Cavalleria Rusticana: Intermezzo
La Traviata: Prelúdio
A força do destino: Abertura
Aída: Marcha Triunfal e Balé

Fabio Mechetti, regente

Fabio Mechetti é Diretor Artístico e Regente Titular da Filarmônica de Minas Gerais desde a sua fundação, em 2008, sendo responsável pela implementação de um dos projetos mais bem-sucedidos no cenário musical brasileiro. Construiu uma sólida carreira nos Estados Unidos, onde esteve quatorze anos à frente da Sinfônica de Jacksonville, foi regente titular das sinfônicas de Syracuse e de Spokane e conduz regularmente inúmeras orquestras. Foi regente associado de Mstislav Rostropovich na Orquestra Sinfônica Nacional de Washington e com ela realizou concertos no Kennedy Center e no Capitólio norte-americano. Conduziu as principais orquestras brasileiras e também em países da Europa, Ásia, Oceania e das Américas. Em 2014, tornou-se o primeiro brasileiro a ser Diretor Musical de uma orquestra asiática, com a Filarmônica da Malásia. Mechetti venceu o Concurso de Regência Nicolai Malko e é Mestre em Composição e em Regência pela Juilliard School. Na Temporada 2024, apresentou-se com a Orquestra Petrobrás Sinfônica e retornou ao Teatro Colón, onde conduziu a Filarmônica de Buenos Aires.

Com mais de três décadas de carreira, o baixo-barítono Licio Bruno é um dos mais celebrados cantores líricos brasileiros da atualidade. Atua regularmente junto às principais orquestras e teatros do país e já se apresentou na Europa, América Latina e Ásia. É vencedor de dez primeiros prêmios em concursos de canto, entre eles o Prêmio Carlos Gomes (2004). Interpretou mais de oitenta papéis em óperas de diferentes autores e estilos, e, nos últimos anos, tem se dedicado também à direção de óperas de compositores brasileiros contemporâneos, como Jaceguay Lins e Guilherme Bernstein. Bacharel em Canto e Mestre em Performance, aperfeiçoou-se na Franz Liszt Academy of Music e na Ópera de Budapeste, sendo depois membro da casa e artista convidado. É professor na Faculdade de Música do Espírito Santo, no Instituto Baccarelli e no Coletivo das Artes, onde também desenvolve programas de formação de jovens cantores. Licio esteve conosco no concerto inaugural da Filarmônica, quando fizemos a Nona de Beethoven, em fevereiro de 2008. Desde então, tornou-se presença frequente em nossas apresentações e na Sala Minas Gerais.

Programa de Concerto

O nome de Puccini é muito pouco associado à música sinfônica, porém sua palheta orquestral é de inegável riqueza. O Capricho Sinfônico é uma de suas principais obras de juventude, apresentada quando de sua graduação no Conservatório de Milão, em 1883, e já traz o que virá a ser considerado por muitos o stile pucciniano, que busca unir a tradição da melodia italiana à elaboração temática e orquestração wagnerianas. É tal o brilho de sua orquestração que a obra parecia prenunciar um grande compositor de sinfonias. Entretanto, Puccini ganharia notoriedade como operista, graças a obras populares como Manon Lescaut (1893) e La Bohème (1896), sendo que essa última apresenta uma famosa citação ao Capricho. Sucesso desde sua estreia, o Capriccio Sinfonico foi um anúncio do talento do jovem compositor italiano. Sua versão integral, porém, só seria editada quase 90 anos depois, em 1978, graças a Pietro Spada, a quem se deve também a publicação do Prelúdio Sinfônico, outra importante obra de Puccini em início de carreira.

Pietro Mascagni já vinha conduzindo companhias de ópera por diversas temporadas quando, em 1886, se casou e se estabeleceu como professor de música em Apúlia, Itália. Embora não tivesse o diploma, ele fora aluno do Conservatório de Milão, onde tomou aulas de composição com Ponchielli e dividiu um apartamento com Puccini. Com o casamento e um bebê a caminho, a necessidade de uma renda estável ficou cada vez mais latente. Sabendo de uma competição anunciada em junho de 1888 para novas óperas feitas por jovens autores italianos, o compositor de 25 anos decidiu interromper o que já estava em processo para se dedicar ao concurso. Ele encomendou a dois escritores um libreto baseado em Cavalleria Rusticana, peça de Giovanni Verga. Em dezembro de 1888, eles lhe entregaram o libreto que o ocuparia pelos cinco meses seguintes. Terminada em maio de 1889, a partitura recebeu o primeiro lugar na competição e foi logo programada para estrear em Roma em 17 de maio de 1890. O sucesso imediato de Cavalleria Rusticana reforçou em Mascagni a tendência por óperas orientadas pelo verismo, corrente operística pós-Romântica, cuja principal referência era justamente Giovanni Verga, o autor da peça de mesmo nome usada como base por Mascagni. O enredo se passa em uma aldeia siciliana, e o Intermezzo ocorre num momento em que todos os habitantes se recolhem antes da ação final.

Não há como falar de ópera italiana sem mencionar Giuseppe Verdi. Desde o sucesso estrondoso de Nabucco, estreada em 1842 no La Scala de Milão, Verdi se consolidou como o maior nome do drama lírico na Itália, contribuindo para o processo de unificação instaurado no Risorgimento e tornando-se, anos depois, um verdadeiro símbolo nacional. No bloco dedicado à sua obra, ouviremos trechos de três de seus trabalhos mais adorados, cada um deles representando uma década do seu longo apogeu: La Traviata (1853), A força do destino (1861) e Aída (1871). Em todos, encontramos a paixão exuberante e a opulência dramática que definem o legado musical não apenas de Verdi, mas de toda uma nação.

O mais representado dos compositores de ópera atualmente, Verdi já era um homem célebre quando aceitou o convite do Teatro Imperial de São Petersburgo para escrever A força do destino, sobre um drama do escritor espanhol Angel Saavedra. O libreto de Francesco Piave, colaborador habitual de Verdi, manteve-se muito fiel ao original, com diversas passagens traduzidas literalmente da língua de Cervantes. A obra estreou na Rússia, em 1867. Entretanto, insatisfeitos com o resultado, compositor e libretista iniciaram uma segunda versão em 1869, modificando, sobretudo, o princípio e o final. A Abertura, extremamente dramática, substitui o pequeno prelúdio da versão russa e tornou-se uma das peças mais ouvidas de Verdi. Sua força reside na habilidade do autor de entrelaçar diversos motivos, variando-os e intercalando-os com fragmentos melódicos, em contrastes repletos de simbolismo.

Aida é a única montagem pertencente ao rol das grandes óperas a ter sua estreia em solo africano. Encomendada a Giuseppe Verdi pelo governador do Egito, por sugestão do arqueólogo Auguste Mariette, Aida conheceu o mundo em 24 de dezembro de 1871, no Teatro da Ópera do Cairo. O grandioso palco havia sido inaugurado dois anos antes, em celebração à abertura do Canal de Suez. Principal nome da ópera mundial havia pelo menos dez anos, Verdi não atravessou o Mediterrâneo para acompanhar a estreia. Mas sua mais importante ópera viajou não somente por aquele mar, mas por tantos outros – mares e oceanos – nos anos seguintes. Em dez anos, foi montada em mais de 150 palcos ao redor do globo. Atendendo ao pedido de algo com tamanha pompa e epicidade, o bastante para competir em popularidade com os trabalhos de Giacomo Meyerbeer, Verdi idealizou no segundo ato a dramática cena da marcha com o inimitável som do trompete. Um dos maiores monumentos de Aida, a Marcha triunfal e balé foi inspirada na tradição francesa da grand opéra.

4 Maio 2024
sábado, 18h00

Sala Minas Gerais, com transmissão ao vivo pelo YouTube
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