Daphnis et Chloé, uma das obras essenciais da música do século XX, nos permite apreciar Ravel em um de seus melhores momentos, não apenas como grande compositor e refinado orquestrador, mas também como habilidoso construtor de cenas. O balé é inspirado no romance grego de mesmo nome, escrito por volta do século II d.C., que conta a história de duas crianças que foram abandonadas pelos respectivos pais na ilha de Lesbos e criadas por pastores. À medida que cresciam, Daphnis e Chloé se apaixonavam sem compreenderem o significado do amor que sentiam. Em um dia de festa, Chloé é sequestrada por piratas, Daphnis chora e reza para que ela retorne com vida. O deus Pan o ajuda e resgata Chloé. Todos comemoram seu regresso com uma grande festa, quando os protagonistas finalmente se casam. A peça de Ravel foi criada a partir de uma encomenda do criador dos Ballets Russes, Sergei Diaghilev, em 1909. A estreia, em 1912, foi um sucesso e ajudou a estabelecer a reputação do francês como um dos principais compositores da época. Um ano antes de terminar a orquestração do balé, Ravel extraiu, da música que havia composto até aquele momento, uma suíte de concerto, intitulada Suíte no 1. Após a estreia, trabalhou na elaboração da Suíte no 2, que só seria estreada em 1913, abrangendo a terceira parte da obra completa: do dia seguinte ao resgate de Chloé até a dança final da união dos amantes.