Árias e Barcarolas

Leonard Bernstein

(1988)

Instrumentação: Percussão, cordas.

 

Leonard Bernstein, de quem a Filarmônica de Minas Gerais comemora o centenário, foi o maestro e compositor de maior sucesso na história dos Estados Unidos. Foi também excelente pianista, educador e embaixador cultural, além de comunicador extremamente carismático. Suas composições abarcam praticamente todos os gêneros musicais: de música solo e de câmara até ópera, balé e musicais da Broadway.

 

Última obra completa de Bernstein, Árias e Barcarolas foi composta inicialmente para quatro cantores e piano a quatro mãos, e logo depois revisada para mezzo-soprano, barítono e piano a quatro mãos. Bernstein desejou orquestrá-la, mas a agenda cheia e a saúde debilitada o impediram de fazê-lo. Não obstante, pôde supervisionar a orquestração levada a cabo por seu assistente, Bright Sheng, para mezzo-soprano, barítono, cordas e percussão. Essa versão teve sua estreia no dia 22 de setembro de 1989, em Nova York, na Long Island University, com Susan Graham, Kurt Ollmann e a New York Chamber Symphony sob regência de Gerard Schwartz.

 

Segundo Bernstein, o título sugestivo veio de um comentário pitoresco do presidente Dwight D. Einsenhower após um concerto na Casa Branca, em 5 de abril de 1960, onde a Orquestra Filarmônica de Nova York executou um concerto de Mozart e a Rhapsody in blue de Gershwin:

 

“O presidente [me] disse: ‘Você sabe, eu gostei da última peça que você tocou – ela tem um tema. Você entende o que quero dizer?’. Nós não sabíamos o que ele queria dizer, e até minha esposa, que era muito boa em momentos socialmente desconfortáveis, não sabia o que dizer. Obviamente ele estava entediado com o Mozart. Finalmente eu disse: ‘Acho que sei o que quer dizer, senhor presidente, tem uma batida’. ‘Não’, ele disse, ‘quero dizer um tema. Eu gosto de música com tema, não dessas árias e barcarolas’. Pobre Mozart! Eu imediatamente anotei aquilo, como um título para usar um dia.”

 

Todas as canções do ciclo são escritas sobre textos de Bernstein, exceto a terceira, sobre texto de sua mãe, Jennie Bernstein, e a sexta, sobre Yankev-Yitskhok Segal. A primeira (Prelude), a segunda (Love duet) e a quarta (The love of my life) são canções sobre o amor que o casal sente um pelo outro, e sobre as dificuldades que esse amor traz. A terceira (Little Smary) fala de uma garotinha que perdeu seu coelhinho de pelúcia. A quinta (Greeting) é sobre a alegria do nascimento do primeiro filho. A sexta (At my wedding), sobre um judeu que descobre o quanto é maravilhosa a música que um violinista toca em seu casamento. Na sétima (Mr. and Mrs. Webb say goodnight), o casal tenta acalmar seus dois filhos na hora de dormir para que possam ficar a sós e discutir assuntos de família. O epílogo (Nachspiel) não possui palavras, é apenas um vocalise suave.

 

Guilherme Nascimento
Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.

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