Knoxville: Verão de 1915

Samuel BARBER

Knoxville: verão de 1915 foi composta em 1947 e tem como texto excertos de uma breve obra em prosa de James Agee, escrito em 1938. O texto de Agee é uma espécie de pintura onírica e nostálgica de um garoto em Knoxville, Tenessee, sul dos Estados Unidos. O enredo é narrado por um garoto, cuja voz, por vezes, confunde-se com a do adulto que o escreve. Com isso, Agee faz com que seu texto adquira certas feições de devaneio, em que não se pode precisar ao certo a identidade do narrador. Criando um paralelo com esse artifício narrativo, Barber compôs a sua Knoxville em um único movimento, e a denominou uma “rapsódia lírica”, procurando, dessa forma, refletir musicalmente algo da fluidez espontânea da prosa de Agee. Assim, essa obra de Barber apresenta uma espécie de livre movimento de um material temático a outro, ora gerando contrastes, ora amenizando as transições. Criando um elemento de unidade e coesão, porém, a primeira melodia apresentada pela parte vocal é evocada outras vezes no decorrer da peça, sempre transformada e retrabalhada. Estreada em 1948 pela Orquestra Sinfônica de Boston, sob a batuta de Serge Koussevitski, Knoxville: verão de 1915 é exemplo claro da sensibilidade criadora desse norte-americano que optou pela liberdade individual de expressão.

Moacyr Laterza Filho
Pianista e cravista, Mestre em Teoria da Literatura, Doutor em Literaturas de Língua Portuguesa, professor da Fundação de Educação Artística e da Escola de Música da UEMG.

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