Concerto “em formas brasileiras” para piano nº 2

Hekel Tavares

No trânsito entre os universos da música popular e da música erudita, no Rio de Janeiro das primeiras décadas do século XX, inúmeros compositores valiam-se de pseudônimos para resguardar a imagem de pureza construída pelas elites para o músico erudito. Heckel Tavares, alagoano chegado ao Rio em 1921, foi uma dissonância nesse quadro. Compõe para o teatro de revista desde 1926 e escreve mais de cem canções, influenciado pelo folclore e pela música popular urbana, alcançando reconhecimento de público e sucesso financeiro. Em meados da década de 1930 volta-se para a composição orquestral com o poema sinfônico André de Leão e o Demônio do cabelo encarnado.

 

Em 1939 estreia em São Paulo o Concerto em Formas Brasileiras, em transmissão nacional pela Rádio Cultura, com Antonieta Rudge ao piano e regência do autor. Apesar do sucesso dessa obra, o autor é discriminado por compositores acadêmicos e parte da crítica, devido à sua formação informal e linguagem híbrida, entre o popular e o erudito. Explora no Concerto elementos melódicos e rítmicos da música popular, num estilo nacionalista neorromântico, com três movimentos inspirados em gêneros da música popular brasileira: Modinha (Tempo de Batuque); Ponteio; Maracatu.

 

Igor Reyner
Pianista, Mestre em Música pela UFMG, doutorando de Francês no King’s College London e colaborador do ARIAS/Sorbonne Nouvelle Paris 3.

 

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