(Visconde do Rio Branco, Brasil, 1953)
O músico Oiliam Lanna é Doutor em Linguística pela Faculdade de Letras da UFMG, Mestre em Composição pela Universidade de Montreal, orientado por André Prévost, e Bacharel em Composição pela UFMG, orientado por Arthur Bosmans. Fez cursos livres de Composição na Fundação de Educação Artística sob orientação de Hans-Joachim Koellreutter e Dante Grela.
Nasceu em Visconde do Rio Branco e reside em Belo Horizonte há quatro décadas, atuando principalmente como professor e também como regente e compositor. Sem sombra de erro, a sua existência no cenário musical local é de grande importância. É responsável, como professor da área de Composição da Escola de Música da UFMG, pela formação de vários músicos hoje em atuação. São muito apreciados os notáveis frutos do seu esmerado trabalho.
A sua intensa e contínua atividade docente não é dissociada de modo algum da sua atividade artística. Segundo o próprio Oiliam: tocar, compor e analisar não são tarefas dissociáveis. Ele compõe analisando, analisa compondo. Também leciona tocando, além de subir ao pódio de regente para empreender a realização de obras recém-compostas. Aqui sobretudo uma querida e feliz parceria com várias gerações de compositores. Através do seu trabalho sério como compositor-regente, uma centena de obras puderam ser desveladas ao nosso público. Com foco na performance da música contemporânea, Oiliam nos presenteou com grandes dádivas ao reger quase todas as principais orquestras, coros e grupos de câmara da cidade.
Como compositor ele iniciou a sua busca estética passando por resquícios do nacionalismo e pela influência da Segunda Escola de Viena em Belo Horizonte. Interessado pela retórica musical – Oiliam é Doutor em Linguística –, percebemos com nitidez um certo aspecto simbolista em sua música. Seu estilo sonoro, apesar de muito austero, não deixa de revelar inúmeras nuances e sugestões sinestésicas, como em Reflexos de Bruma e Luzes (2004), para piano a quatro mãos. Outras peças anteriores, como Quatro Momentos Musicais, para piano solo, ou Três Miniaturas (1994), para flauta e piano, apesar da objetividade dos títulos, já anunciam o estilo amadurecido, poético-sonoro, das suas últimas obras. Nelas, podemos notar como ele herdou de mestres como Dallapicola, Alban Berg e Duttileux a capacidade de criar constelações harmônicas inusitadas, onde permanece a importância do trabalho com os tons, suas relações e direção no tempo. Apesar de quase sempre limitadas no sistema temperado, suas criações harmônicas são muito inspiradoras, reflexo de uma escuta refinada que não se reduz a um simples neotonalismo, ou a um impessoal atonalismo. Detentor de uma escrita precisa e concisa, Oiliam é também muito respeitado pelos seus intérpretes e estabeleceu longa parceria com alguns deles.
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