Rituais do Tempo nasceu da ideia de experienciar o tempo e de ultrapassar a noção de que ele é um intervalo mensurável entre acontecimentos. Tempo como um cortejo interminável, contemplado pela memória, pela imaginação.

A obra se inicia com uma textura coral, da qual emergem fragmentos melódicos nos instrumentos de madeira – oboé, clarineta, flauta contralto e clarone. Na sequência, a irrupção de gestos rápidos, direcionados para o registro agudo de cordas e sopros não perturba a lenta evolução do pano de fundo representado pelo coral. Esse percurso conduz à primeira intervenção do piano, que marca o início da trajetória de diversas estruturas composicionais identificadas pelo agenciamento de timbres, estruturas que ora se sucedem, ora se superpõem.

O trabalho de excelência desenvolvido pelo maestro Fabio Mechetti e pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais foi determinante para a criação de Rituais do Tempo, obra que dedico à memória de Arthur Bosmans.

Oilliam Lanna
Compositor e regente, Doutor em Linguística (Análise do Discurso), professor da Escola de Música da UFMG