A verdadeira fruição musical dos "Noturnos" de Chopin
| 24 jun 2020
Haydn e Bernstein nos falam sobre a criação do mundo
Joseph HAYDN | A Criação
Devemos a Haydn a consolidação da forma sinfônica como tal, ao longo do século XVIII, com suas 104 sinfonias (e algumas descobertas mais recentemente). A ele também somos gratos pela sua relevante contribuição na música de câmara, nas sonatas para piano e em obras concertantes que tratam de maneira híbrida a forma Concerto com aquela da Sinfonia.
Entretanto, a minha recomendação vem de uma área relativamente pouco conhecida de sua atuação, embora ainda intensa, se comparada com muitos compositores: a música coral. Haydn escreveu várias missas, oratórios e outras obras corais-sinfônicas de cunho religioso. Mas é em sua Criação que todo o seu gênio se revela.
Estruturada convencionalmente nos moldes de oratórios de períodos que o antecederam (pós-Renascença, Barroco etc.), A Criação trata de maneira inteiramente original e inteligente a visão do início do universo. A abertura desta obra magnífica simboliza a “representação do caos” e, com mínimos recursos utilizados de maneira absolutamente genial, transita desde o “bum” primordial, por “nuvens” de átomos que pouco a pouco se organizam. Harmonias provocativas e, para a época, dissonantes, unem-se a ritmos instáveis e hesitantes que pontuam a formação cósmica que antecede a vida terrena. A escuridão predominante é finalmente conquistada pela luz, aqui representada pela primeira aparição da voz humana (baixo) e o coro.
As realizações divinas são então expostas, uma a uma, num contraponto intenso entre movimentos corais com árias individuais, que refletem de maneira descritiva todo o processo da organização do universo. Vale a pena destacar, numa obra de quase duas horas de duração, a maneira como Haydn nos inspira musicalmente a “presenciar” os primeiros pássaros, as primeiras baleias, as águas dos mares e rios e, eventualmente, sua maior criação, o ser humano.
Por ser uma obra longa, em que a compreensão da narrativa é crucial para o seu melhor entendimento, busquei selecionar um vídeo que, além de ser uma grande apresentação com um ótimo elenco de cantores e regentes, traz legendas em espanhol. Infelizmente não achei exemplo em português. Leonard Bernstein, com grandes solistas e o Coro e Orquestra da Rádio da Bavária, nos levam por essa extraordinária viagem da recriação musical do universo em que vivemos.
A imagem deste post é uma ilustração a partir da pintura de Thomas Hardy, 1794.
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