O cavaleiro da rosa, op. 59: Primeira sequência de valsas

Richard STRAUSS

(1909/1910, revisão 1944)

Instrumentação: 3 flautas, 3 oboés, requinta, 2 clarinetes, clarone, 3 fagotes, 4 trompas, 3 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, harpa, cordas.

 

O cavaleiro da rosa (Der Rosenkavalier) é um tributo a Mozart. Trata-se da quinta ópera de Richard Strauss e sua segunda parceria com Hugo von Hofmannsthal, escritor e dramaturgo vienense. A música é uma fusão do estilo refinado de Strauss com a leveza mozartiana, com espaço para vários momentos da encantadora valsa vienense. A ação se dá na Viena do século XVIII. A princesa Maria Teresa von Werdenberg (conhecida como Marechala, pelo seu casamento com o Marechal von Werdenberg), na casa dos trinta, tem um caso com o jovem Octavian, um jovem cavaleiro de família nobre (cantado por uma mezzo-soprano, assim como o Cherubino, de As bodas de Fígaro, de Mozart). Quando o caricato Barão Ochs auf Lerchenau, parente da Marechala, conta-lhe de seu amor pela jovem Sophie, ela lhe propõe que Octavian leve a rosa com a proposta de casamento do Barão. No momento em que Octavian e Sophie se encontram pela primeira vez eles se apaixonam perdidamente e, a partir de então, uma série de situações cômicas tem início, quando eles tentam, a todo custo, esconder de todos o seu amor. Ao final, o romance é descoberto, e a ópera termina com um belíssimo trio cantado por Octavian, Sophie e a Marechala, sendo que esta última cede o amante à rival, para que possam ser felizes.

 

Der Rosenkavalier foi composta nos anos 1909 e 1910. A primeira apresentação se deu na Ópera de Dresden, no dia 26 de janeiro de 1911, sob a regência de Ernst von Schuch. O sucesso foi tão grande que, nos anos que se seguiram à estreia, a ópera foi apresentada nos principais teatros da Europa e dos Estados Unidos para uma plateia cada vez mais apaixonada. Mais de um século depois, é possível ainda perceber que a paixão do público por esta ópera não parece diminuir em nada.

 

As valsas não existem como peças isoladas na ópera, mas estão presentes na música de várias cenas, especialmente no segundo e terceiro atos. Em 1944, com dinheiro confiscado na Inglaterra e falido por causa da Segunda Guerra Mundial, Richard Strauss criou uma sequência de suas valsas favoritas. Por conter valsas dos atos I e II, essa sequência acabou levando o nome de Sequência de Valsas no 1, embora ele já tivesse composto, em 1911, uma sequência de valsas extraídas dos atos II e III (agora renomeada Sequência de Valsas no 2). Em ambas as Sequências Strauss reordenou a ordem de aparição das valsas, dando prioridade ao sentido musical. Uma vez que se trata de música instrumental, e o argumento teatral encontra-se ausente, o compositor sentiu-se livre para acomodar os diversos trechos musicais de acordo com sua fantasia. Nessas Sequências, a mestria orquestral de Strauss salta imediatamente aos ouvidos. Na Sequência de Valsas no 2 Strauss apresenta não apenas uma versão condensada da introdução da ópera como uma nova Coda ampliada e brilhante.

 

Guilherme Nascimento
Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.

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