George ENESCU
Instrumentação: piccolo, 3 flautas, 2 oboés, corne inglês, 2 clarinetes, 2 fagotes, 4 trompas, 4 trompetes, 3 trombones, tuba, tímpanos, percussão, 2 harpas, cordas.
George Enescu foi o mais importante compositor da Romênia e um dos maiores violinistas de seu tempo. Menino prodígio, iniciou seu aprendizado de violino aos quatro anos de idade. Aos cinco compunha suas primeiras peças e, aos sete, entrava para o Konservatorium der Gesellschaft der Musikfreunde, em Viena, onde estudou violino, piano, órgão e violoncelo, além das disciplinas teóricas. Graduou-se ali aos doze anos de idade e, aos quatorze, ingressou no Conservatório de Paris onde, além de estudar piano e violino, foi aluno de composição de Jules Massenet e Gabriel Fauré. Dentre seus colegas do Conservatório estavam Maurice Ravel, Alfredo Casella, Charles Koechlin e Florent Schmitt, compositores que viriam a ter importante lugar na história da música, no período que vai do final do século XIX à primeira metade do século XX.
Além de grande violinista, foi também excelente maestro e pedagogo. Seus mais brilhantes alunos foram Yehudi Menuhin e Arthur Grumiaux. Enescu dividiu a maior parte de sua vida entre Paris e seu país natal. Com o fim da Segunda Guerra e a ascensão do Partido Comunista na Romênia, George Enescu exilou-se na França. Seus últimos anos foram difíceis: além do gradual empobrecimento da família, causado pela diminuição de concertos e gravações, ele e a esposa sofreram sérios problemas de saúde. Faleceu em Paris, aos setenta e três anos de idade.
Embora compor fosse sua maior paixão, Enescu nos deixou pouquíssimas obras, principalmente por duas razões: além de ter sido um perfeccionista que revisava constantemente suas composições, sua intensa agenda de concertos não lhe permitia dedicar muito tempo ao trabalho de composição. Sua primeira obra publicada foi composta aos quinze anos de idade e a última, aos setenta e três. Nesses quase sessenta anos de atividade, publicou apenas trinta e três obras, dentre elas uma ópera, três sinfonias, várias peças para coro, algumas canções, algumas peças para orquestra e um número maior de música de câmara. Sua produção compreende os mais variados estilos, desde música com inspiração folclórica a obras com forte influência moderna, não deixando de aproximar-se do romantismo alemão e do impressionismo francês, assim como do neoclassicismo e do romantismo tardio.
Enescu compôs as duas Rapsódias Romenas em Paris, em 1901, pouco antes de completar vinte anos de idade. Ambas foram estreadas no mesmo concerto, no Ateneul Român, em Bucareste, no dia 8 de março de 1903, sob a regência do compositor. Trata-se de suas obras mais conhecidas. A Rapsódia Romena nº 1, a mais famosa das duas, é um conjunto de danças folclóricas romenas divinamente arranjadas e orquestradas. A música inicia-se com uma melodia folclórica alternada entre o clarinete e o oboé. Desenvolve-se em várias seções, algumas rápidas, outras lentas, até desembocar em uma dança folclórica trepidante e num final surpreendente: após um momento estrondoso, quando se pensa que a obra terminou, as madeiras iniciam uma seção alegre que então a conduz a um rápido desfecho.
Guilherme Nascimento
Compositor, Doutor em Música pela Unicamp, professor na Escola de Música da UEMG, autor dos livros Os sapatos floridos não voam e Música menor.