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Desde os dois anos de idade, Marie-Juliette Olga Boulanger mostrou aptidão muito acima da média para a música, um dom que foi rapidamente percebido e incentivado por seus pais. Entretanto, a pequena Lili, como era chamada, adoeceu de uma pneumonia aguda ainda criança, cujas sequelas lhe deixaram com a saúde frágil para o resto da vida. Em 1913, então com 19 anos, a jovem venceu o famoso Prix de Rome com a cantata Fausto e Helena. Foi a primeira mulher na história a receber o prêmio, feito que lhe garantiu projeção na cena musical parisiense ao lado de sua irmã mais velha, Nadia Boulanger, excepcional pianista e também um talento promissor na arte da composição. Infelizmente, o destino foi cruel com Lili, e ela viria a falecer em março de 1918, com apenas 24 anos. Apesar de ter vivido pouco, Lili deixou um catálogo considerável e arriscou-se, com brilhantismo, por diferentes estilos. D’un matin de printemps (“De uma manhã de primavera”) foi, junto de seu par D’un soir triste (“De uma noite triste”), a última peça escrita por ela sem a ajuda da irmã. Seu tema é apresentado em uma dança alegre, com forte influência de Debussy na repetição dos acordes. Segue-se um movimento mais lento e misterioso, que precede o encerramento eloquente. Trata-se de uma das obras mais otimistas de Lili Boulanger, um lampejo breve, mas incontestável, de seu imenso potencial.