Seu navegador não suporta o player de áudio, atualize seu navegador ou
acesse por outro dispositivo.
Em sua Sétima Sinfonia, Mahler administra com maestria uma rica paleta orquestral: explora o potencial expressivo de cada instrumento e estabelece contrastes que articulam fortemente as diversas seções de sua vasta arquitetura formal. Esse conjunto de procedimentos pode ser constatado logo no primeiro movimento, quando encontramos dois temas – um deles estruturado a partir do ritmo de marcha, um dos arquétipos da música de Mahler – mergulhados em densa trama contrapontística, produzindo diferenças marcantes entre andamentos e atmosferas. Na sequência, a primeira “Nachtmusik” parece evocar um caminhar pelo mistério da noite. A ambientação noturna reaparece no “Scherzo”, mas agora por meio das lembranças algo fantasmagóricas da valsa vienense. Chegamos ao quarto movimento, “Nachtmusik II”, no qual a orquestra opera reduzida, mas com acréscimo do violão e do bandolim para uma verdadeira serenata noturna. No “Rondo-Finale”, a explosão de luz e a energia do tema inicial chegam com efeito arrebatador, conduzindo a sinfonia a um final luminoso. Se atentarmos para a diversidade temática da Sétima, estaremos diante de uma riqueza de expressões da alma humana em que não faltam os acentos da dor, da nostalgia, da desesperança, mas também da ironia, da raiva ou ainda do amor e do maravilhamento diante da natureza e da Criação.