Camille Saint-Saëns escreveu O Carnaval dos animais em 1886 para ser divertido, tanto que temia que a obra arruinasse a sua imagem como um músico sério. Por isso, proibiu as apresentações públicas até o fim de sua vida. Elas eram feitas apenas em ambientes privados, pois as numerosas citações inseridas por Saint-Saëns trazem um humor raro, que poderia ferir a alguns. A exceção foi “O Cisne”, publicado ainda quando o compositor estava vivo, que se tornou conhecidíssimo graças à bailarina Anna Pavlova. São 14 movimentos, cada um trazendo um animal ou um grupo deles. Após uma rápida introdução, temos a Marcha real do Leão, seguida pelas Galinhas e Galos, acompanhadas pelos Animais velozes. Depois de acelerar, é hora de colocar o pé no freio e conhecer as Tartarugas. Na sequência chegam O Elefante, os Cangurus, os peixes do Aquário, os Asnos, O Cuco e todo o Aviário. Terminada a festa das aves, a fina ironia de Saint-Saëns o fez incluir, entre os animais, os próprios pianistas, que, segundo o autor, “devem imitar o toque de um iniciante bem canhestro”. Eles são substituídos pelos Fósseis e depois pela bela melodia do já mencionado O Cisne. A bicharada então se reúne em um final emocionante.