O Romantismo e seus contrastes

John Axelrod, regente convidado
Lucas Thomazinho, piano

|    Allegro

|    Vivace

LISZT
POULENC
FRANCK
Os Prelúdios, Poema Sinfônico n° 3
Concerto para piano
Sinfonia em ré menor

John Axelrod, regente convidado

Em quase três décadas de carreira, John Axelrod já colaborou com mais de 175 orquestras e estreou mais de sessenta obras inéditas. Conhecido por seu amplo repertório e pelo estilo carismático, Axelrod recebeu, em 2020, um prêmio especial do International Classical Music Awards em reconhecimento ao seu trabalho. Em 2023, foi eleito Diretor Musical e Regente Titular da Orquestra Nacional Suíça (SNO), e, desde 2022, mantém também o posto de Regente Titular da Sinfônica de Bucareste. Anteriormente, ocupou cargos equivalentes nas sinfônicas de Kyoto, Sevilha, Milão e outras. Colabora frequentemente com importantes orquestras europeias, como a Sinfônica da Rádio de Berlim (RSB), a Orquestra do Gewandhaus de Leipzig, a Filarmonica della Scala, a Orchestre de Paris e a Camerata Salzburg. Nos Estados Unidos, apresentou-se com a Sinfônica de Chicago, a Filarmônica de Los Angeles e outras. Entre suas gravações, destacam-se o ciclo de sinfonias de Brahms com a Sinfônica de Milão e as duas versões da Quarta Sinfonia de Schubert com a Sinfônica de Bucareste. Nascido nos Estados Unidos e naturalizado na Suíça, Axelrod formou-se pela Universidade de Harvard em 1988. Estudou com Ilya Musin no Conservatório de São Petersburgo e foi aluno de Leonard Bernstein e Christoph Eschenbach. Em 2024, Axelrod se apresenta pela primeira vez com a Filarmônica.

Nos últimos anos, Lucas Thomazinho tem se consolidado como um dos principais pianistas da cena musical brasileira. Atuou como solista com as principais orquestras do país e dividiu o palco com maestros renomados, incluindo Marin Alsop, Roberto Minczuk, Neil Thomson e Fabio Mechetti. Recebeu prêmios no Brasil e no exterior, com destaque para o Finalist Prize na 19ª Competição Internacional de Piano Santander (Espanha). Nascido em 1995, Thomazinho foi bolsista na Fundação Magda Tagliaferro e formou-se Bacharel em Piano pela USP, sob orientação de Eduardo Monteiro. Em 2021, concluiu o mestrado em Performance Arts pelo Conservatório de New England (Boston), onde foi aluno de Wha Kyung Byun e Alessio Bax. Recebeu da Funarte o Prêmio RespirArte 2020 por Prelúdio, composição de sua autoria para piano solo. Atualmente, trabalha na gravação das obras completas para piano do compositor gaúcho Dimitri Cervo e das sonatas de Francisco Mignone para piano e violino, estas em parceria com Emmanuele Baldini. Thomazinho se apresentou pela primeira vez com a Filarmônica em outubro de 2010. Desde então, esteve conosco em diversas temporadas, tornando-se um convidado frequente da nossa Orquestra.

Programa de Concerto

Os Prelúdios, Poema Sinfônico n° 3 | LISZT

Aos 35 anos, para dedicar-se mais à composição, o lendário concertista Franz Liszt fixou-se em Weimar, transformando a pequena cidade em um dos centros musicais mais influentes da Europa. Nesse período entre 1848 e 1861, Liszt escreveu doze poemas sinfônicos que, segundo o próprio, não buscavam retratar musicalmente os enredos poéticos escolhidos, mas sim externar os sentimentos que tais assuntos lhe suscitavam. Sob esse aspecto, seguiu a orientação de Beethoven para a Sinfonia Pastoral: “Mais sentimento do que pintura”. Em sua maioria, são peças reflexivas, experimentais, inquietantes. O esboço de Les préludes (“Os Prelúdios”) remonta a 1845, inicialmente planejado como abertura coral para o ciclo Les quatre élémens (“Os Quatro Elementos”). O mais célebre dos poemas sinfônicos de Liszt só ganharia sua forma independente e definitiva em 1853, com o título inspirado nas Nouvelles Méditations Poétiques de Alphonse de Lamartine. O famoso prefácio literário afixado à partitura foi escrito por sua companheira, a princesa Carolyne zu Sayn-Wittgenstein: “Que é nossa vida, senão uma série de prelúdios para aquele canto desconhecido, do qual a morte faz soar a primeira e solene nota?”. Na lenta e misteriosa introdução, em uníssono das cordas, ouve-se o motivo gerador, uma célula de três notas. O Andante maestoso enuncia o poderoso tema principal, em Dó maior. A constante variação de andamentos a seguir – Allegro; Tempestuoso; Pastorale; Marziale – parece acompanhar os diferentes prelúdios que compõem a vida humana: a felicidade, a inquietude, a serenidade, as lutas… No final, a reprise do tema principal brilhantemente orquestrado leva a uma gloriosa conclusão, numa afirmação das forças da vida sobre a morte. A obra estreou em Weimar, no dia 23 de fevereiro de 1854, sob a regência do próprio Liszt.

Francis Poulenc recebeu uma formação geral clássica e, na música, foi aluno de Charles Koechlin e do grande pianista espanhol Ricardo Viñes. Como compositor, integrou uma geração de artistas que representou, na França, a recusa do impressionismo, assim como o gosto pela utilização de elementos do music hall e do jazz. A música de Poulenc é, em geral, leve, clara, de harmonias requintadas. Ele pode ser decididamente urbano, parisiense em sua inspiração, como outras vezes voltado para reminiscências do campo. Extremamente feliz ao utilizar textos poéticos (Apollinaire, Max Jacob, Éluard etc.), sua contribuição à música vocal francesa está entre os momentos mais altos de sua obra. Na música de câmara, deixou algumas joias, como as três sonatas com piano; na música cênica, explorou a veia cômica e satírica em Os seios de Tirésias; na música coral, demonstrou seu lado sinceramente religioso, como exemplificado nas Litanias à Virgem Negra e em seu Stabat Mater. Excelente pianista, também escreveu muito para seu instrumento. A música sinfônica não foi objeto de seu particular interesse, porém utilizou com frequência as formas concertantes, como em seus cinco concertos: para piano, para órgão, para cravo (Concerto Campestre), para dois pianos e o Aubade (um concerto coreográfico para piano e 18 instrumentos). Escrito em 1949 para uma turnê nos Estados Unidos, o Concerto para piano de Poulenc consegue fundir a sua expressividade vanguardista de juventude com a serenidade dos anos maduros. É um divertissement, descomprometido e brilhante em seus três breves movimentos, cheio da espontaneidade característica do autor. O próprio Poulenc foi solista na estreia do Concerto em janeiro de 1950, com a Sinfônica de Boston, sob a regência de Charles Munch.

Tímido e avesso aos palcos, César Franck levava uma vida metódica como organista da Basílica de Sainte-Clotilde, em Paris. Profundamente religioso, exercia seu trabalho como uma missão; dava aulas particulares e compunha, sobretudo, obras corais e peças para órgão, instrumento transformado em confidente cotidiano. Sua inigualável maestria de intérprete e improvisador traduzia-se na gratidão dos fiéis e dos músicos que frequentavam a igreja para ouvi-lo, entre eles, Franz Liszt, seu admirador incondicional. Aos cinquenta anos, Franck foi nomeado professor de órgão pelo Conservatório de Paris. Era o começo de um reconhecimento público tardio e que só se consolidou após sua morte. Em seus últimos anos, Franck tornou-se extremamente meditativo, meticuloso e exigente como compositor: dedicava-se de cada vez a um gênero para, nele, lapidar apenas uma e definitiva obra-prima. Assim surgiram o Quinteto para piano e cordas (1879), as Variações Sinfônicas (1885), o Quarteto de cordas em Ré maior (1889), a Sonata para violino e piano (1886) e a Sinfonia em ré menor (1888). A importância histórica dessas obras é enorme – elas foram decisivas para a mudança do cenário musical parisiense, indiferente ou até hostil à música instrumental sinfônica e camerística. Sob tal aspecto, a Sinfonia de Franck marca um ponto culminante na renovação da música orquestral francesa do final do século XIX. Foi elaborada dentro dos princípios cíclicos – a semelhança entre os motivos intervalares e rítmicos dos temas de todos os movimentos cria uma sintonia entre as seções, dando maior unidade à composição. Na segunda parte do primeiro movimento, os violinos e as madeiras agudas apresentam um dos temas mais marcantes da obra, o qual se convencionou chamar “Motivo da fé”. A rica orquestração e a tonalidade de Ré maior levam a Sinfonia a uma conclusão grandiosa, repleta de alegria.

21 nov 2024
quinta-feira, 20h30

Sala Minas Gerais

22 nov 2024
sexta-feira, 20h30

Sala Minas Gerais
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