Ritmos, danças, tradições

José Soares, regente
Martelo, grupo de percussão

|    Allegro

|    Vivace

C. ASSAD
KODÁLY
SHOSTAKOVICH
Raízes
Danças de Galanta
Sinfonia n° 9 em Mi bemol maior, op. 70

José Soares, regente

Natural de São Paulo, José Soares é Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2022, tendo sido seu Regente Assistente nas duas temporadas anteriores. Venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio (2021), recebendo também o prêmio do público. Bacharel em Composição pela Universidade de São Paulo, iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos. Estudou com o maestro Claudio Cruz e teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi e Leonid Grin. Foi orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Libreich no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. Pelo Prêmio de Regência recebido no festival, atuou como regente assistente da Osesp na temporada 2018. José Soares foi aluno do Laboratório de Regência da Filarmônica e convidado pelo maestro Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Dirigiu a Osesp, a New Japan Philharmonic, Sinfônica de Hiroshima e Filarmônica de Nagoya, no Japão. Em 2024, conduziu a Orquestra de Câmara de Curitiba e tem concertos agendados com as sinfônicas Jovem de São Paulo e do Rio Janeiro, Sinfônica do Paraná, junto ao Balé do Teatro Guaíra, e Sinfônica da Universidade Estadual de Londrina.   

O quarteto de percussão Martelo é formado pelos músicos Danilo Valle, Leonardo Gorosito, Rafael Alberto e Rubén Zúñiga. Foi criado oficialmente em 2012, mas suas atividades aceleraram, de fato, somente dez anos depois, com a estreia no 1º Festival de Verão de Campos de Jordão. Em 2021, o grupo lançou o primeiro disco, Mitos Brasileiros, gravação da obra homônima do carioca Ney Rosauro. Possui, ainda, outras duas gravações: a icônica Terceira Construção, de John Cage; e Correnteza, escrita por um de seus integrantes, Leonardo Gorosito. Com o nome inspirado no poder de impacto da ferramenta, o Martelo busca quebrar paradigmas e colocar a percussão em lugar de destaque, executando obras canônicas do repertório e valorizando criações próprias e de artistas parceiros. Dois de seus integrantes possuem relação direta com a Filarmônica de Minas Gerais: Rubén Zúñiga foi nosso Percussionista Principal entre 2009 e 2010, e Rafael Alberto assumiu o cargo logo depois, atuando como nosso Percussionista Principal de 2011 em diante.

Programa de Concerto

Raízes | C. ASSAD

A busca por unir afluentes de diferentes origens e criar novas possibilidades de percursos sempre foi uma característica marcante do trabalho da compositora carioca Clarice Assad. Inquieta e versátil, sua obra transita por múltiplos formatos, gêneros e palcos, criando universos musicais distintos que podem convergir e dialogar. Em Raízes, o encontro promovido por Assad envolve algumas das principais matrizes que fundamentam a identidade cultural de nosso país. Pela articulação de temas conhecidos da música folclórica e popular, a peça prepara um caldo fervilhante que mistura tradições indígenas, origens africanas e influências europeias. O resultado é um vibrante concerto para quarteto de percussão e orquestra, de ritmos em constante ebulição, que reflete parte do imenso caleidoscópio cultural e regional do Brasil, indo da Floresta Amazônica às metrópoles de concreto por meio da linguagem universal da música. Em âmbito subjetivo, a obra funciona ainda como um encontro da compositora com suas próprias raízes: filha de Sérgio Assad e sobrinha de Odair e Badi Assad, Clarice carrega consigo o legado de uma das famílias mais talentosas da música brasileira. Composta a partir de uma encomenda do grupo Martelo, por meio de um consórcio firmado entre a Filarmônica de Minas Gerais, a Filarmônica de Goiás e a Orquestra Sinfônica Brasileira, Raízes será estreada em 2024 e é a primeira obra de Clarice Assad tocada pela nossa Orquestra.

As Danças de Galanta foram compostas em 1933, a partir de um conjunto de melodias ciganas relacionadas ao lugar onde Zoltán Kodály morou entre 1885 e 1892. O próprio Kodály faz uma descrição em terceira pessoa do lugar, da sua relação com ele e de como a obra foi concebida: “Galanta é uma pequena cidade mercantil conhecida daqueles que viajam entre Viena e Budapeste. O compositor passou sete anos de sua infância ali. Naquele tempo, havia uma famosa banda cigana que desde então desapareceu. Essa foi a primeira sonoridade ‘orquestral’ a chegar aos ouvidos da criança. (…) Por volta de 1800, alguns livros de danças húngaras foram publicados em Viena, um dos quais continha músicas ‘de vários ciganos de Galanta’. Eles preservaram as velhas tradições. A fim de mantê-las vivas, o compositor retirou seus principais temas dessa velha publicação”. A composição foi criada a partir de um conjunto de verbunkos – danças apresentadas durante os recrutamentos compulsórios do exército Habsburgo. Como os ciganos frequentemente eram parte das bandas de verbunkos, as danças ficaram associadas a eles, mas são originalmente húngaras e deram origem às famosas csárdás do século XIX. A peça foi estreada em 23 de outubro de 1933 pela Orquestra da Sociedade Filarmônica de Budapeste, regida por Ernest von Dohnányi, e tornou-se rapidamente a mais popular das criações orquestrais de Kodály.

Tendo iniciado a carreira durante a Revolução Russa, Dmitri Shostakovich foi um artista cuja força criativa se viu, em diversas ocasiões, confrontada com as intempéries do clima político de sua terra natal. Assim, enquanto sua Primeira Sinfonia, datada de 1925, recebeu ampla aclamação e lhe trouxe fama internacional, sua posição de destaque na música soviética esteve seriamente ameaçada alguns anos mais tarde, quando a ópera Lady Macbeth do distrito de Mtzensk foi censurada pelo regime stalinista, em 1936. Essa relação de idas e vindas entre Shostakovich e o governo de seu país pode ser resumidamente ilustrada pelo período da Segunda Guerra Mundial. Em 1941, quando os alemães invadiram a União Soviética, o compositor deu vida à sua Sétima Sinfonia, que, embebida de sentimentos patrióticos, se transformou em um símbolo da resistência ao cerco de Leningrado. Na mesma linha, a Oitava, composta em 1943, evocava a batalha em defesa de Moscou contra os ataques nazistas. A Nona, portanto, era esperada como uma obra heróica e grandiosa, que teria a nobre tarefa de concluir uma trilogia sinfônica dos anos de guerra. Contrariando todas as expectativas, o que Shostakovich entregou foi uma sinfonia breve, acessível, objetiva e bem-humorada. Composta por cinco movimentos, a peça referencia o caráter clássico das sinfonias de Haydn, acrescendo toques de ironia e espirituosidade. Foi considerada frívola e leve pelas autoridades stalinistas, mas agradou o público desde a sua estreia em novembro de 1945, poucos meses depois do fim oficial do conflito armado.

25 abr 2024
quinta-feira, 20h30

Sala Minas Gerais

26 abr 2024
sexta-feira, 20h30

Sala Minas Gerais
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