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À frente de sua lendária big band, Duke Ellington passou os anos 1930 se aperfeiçoando como nenhum outro na arte das composições curtas pensadas para os discos de 78 rotações da época. Todavia, nunca deixou de se aventurar em criações mais longas, que testavam as possibilidades de diálogo entre o jazz e a música de concerto. Preto, Marrom e Bege (“Black, Brown and Beige”, no original), uma brilhante rapsódia sinfônica de quase 50 minutos, foi escrita às pressas para a sua primeira apresentação no Carnegie Hall. Em dezembro de 1942, Ellington aproveitou os intervalos das turnês e virou noites para finalizar a peça a tempo de sua grande estreia em janeiro. No processo, aproveitou ideias de um projeto antigo em gestação, sua ópera Boola, criando um tributo à história da população negra norte-americana em três movimentos. O primeiro, “Preto”, presta homenagem ao trabalho duro e à fé dos homens e mulheres trazidos escravizados da África. “Marrom” contempla os soldados negros que combateram inúmeras guerras em nome dos Estados Unidos, e inclui trechos que depois dariam forma à canção Come Sunday, imortalizada na voz de Mahalia Jackson. “Bege”, por fim, evoca o otimismo de uma nova era de prosperidade e reconhecimento para o povo negro, trazendo a efervescência das noites musicais do Harlem. Por conta de sua duração e da recepção ambígua na estreia, Preto, Marrom e Bege foi executada pouquíssimas vezes na íntegra por Ellington, mas, com o tempo, ganhou reconhecimento como um marco na história do jazz. Sua suíte é uma adaptação realizada por seu próprio criador, que depois recebeu o tratamento orquestral de Maurice Peress.