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Para uma mente tão intensamente romântica como a de Liszt, não bastariam as formas, estruturas e gêneros clássicos, a não ser que pudessem ser transcendidos. Por isso, não foi no concerto, na sonata ou na sinfonia que encontrou os caminhos mais férteis para se exprimir, embora tenha deixado obras emblemáticas desses gêneros: a Sonata para piano, a Sinfonia Fausto e, claro, os dois concertos para piano. Talvez esse desejo de Liszt (ao final, muito bem-sucedido) em transcender os padrões clássicos seja a razão pela qual o seu Primeiro Concerto tenha tido um empenho tão laborioso. Foram mais de duas décadas de trabalho na partitura: os temas principais datam de 1830; a versão inicial foi concluída em 1849; em 1855 o compositor a estreou em Weimar, ele mesmo como solista, sob a batuta de seu amigo Hector Berlioz. A versão definitiva, porém, data de 1857. Para seu Concerto nº 1, Liszt buscou parâmetros não nos grandes modelos da música concertante, mas no poema sinfônico, gênero que ele próprio ajudou a consolidar. Alguns temas básicos percorrem a obra, assegurando-lhe a coesão e interligando os quatro movimentos (não três, como no modelo vienense clássico). Ademais, Liszt incorpora, de maneira inovadora, elementos camerísticos à expressão sinfônica e dá atenção especial a certos timbres até então pouco explorados. Tudo isso, somado ao brilhante virtuosismo do solista e ao melodismo acessível, faz com que essa obra ainda soe surpreendentemente moderna.