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O Concerto Duplo de Brahms é o coroamento de uma trajetória marcada pela inventividade melódica, pela originalidade harmônica e rítmica, pela orquestração com um senso de medida incomum e pela capacidade de transformação de materiais temáticos, quase sempre sem perder a perspectiva que permite reconhecê-los, mesmo após longos percursos. Quando Schoenberg aponta compositores e características de suas criações, de que sua própria obra é tributária, refere-se a Brahms ressaltando “a irregularidade do número de compassos”, a “extensão e condensação de frases” e também a capacidade do compositor em conduzir cada figura “às suas últimas consequências”, sem “economizar, quando a clareza exige mais espaço”. Ao destacar outro traço importante da escritura brahmsiana – “economia e, no entanto, riqueza” –, Schoenberg aponta para um dos aspectos de maior relevo do Concerto Duplo. Última obra orquestral de Brahms, o op. 102 impressiona pelo virtuosismo – ao qual é estranha qualquer tentativa de meramente impressionar –, pela riqueza e consequência do diálogo estabelecido com um longo percurso composicional, pela rara capacidade do compositor em conduzir o discurso musical com unidade e diversidade.