Pilares da ópera alemã

José Soares, regente

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MOZART
GLUCK/Mottl
WEBER
BEETHOVEN
WAGNER
R. STRAUSS
A Flauta Mágica, K. 620: Abertura
Orfeu e Eurídice: Dança dos espíritos abençoados
Oberon: Abertura
Fidelio: Abertura, op. 72c
Tristão e Isolda: Prelúdio e Morte de Isolda
Guntram, op. 25: Prelúdios dos Atos I e II

José Soares, regente

Natural de São Paulo, José Soares é Regente Associado da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais desde 2022, tendo sido seu Regente Assistente nas duas temporadas anteriores. Venceu o 19º Concurso Internacional de Regência de Tóquio (Tokyo International Music Competition for Conducting 2021), recebendo também o prêmio do público. Bacharel em Composição pela Universidade de São Paulo, iniciou-se na música com sua mãe, Ana Yara Campos. Estudou com o maestro Claudio Cruz e teve aulas com Paavo Järvi, Neëme Järvi, Kristjan Järvi e Leonid Grin. Foi orientado por Marin Alsop, Arvo Volmer, Giancarlo Guerrero e Alexander Libreich no Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão. Pelo Prêmio de Regência recebido no festival, atuou como regente assistente da Osesp na temporada 2018. José Soares foi aluno do Laboratório de Regência da Filarmônica e convidado pelo maestro Fabio Mechetti a reger um dos Concertos para a Juventude da temporada 2019. Em 2023, estreia como convidado da Osesp e de orquestras no Japão.

Programa de Concerto

A Flauta Mágica, K. 620: Abertura | MOZART

Em novembro de 1790, Mozart concordou em colaborar com o amigo Emanuel Schikaneder para a produção de um singspiel, forma dramático-musical tipicamente germânica e que combina, em obras de caráter popular, o diálogo falado e o canto. Nascia assim A Flauta Mágica, para muitos, a obra máxima do gênero. Schikaneder ficou responsável pelo libreto, cujo enredo, ambientado no Egito exótico, combina elementos de conto de fadas, farsa popular, comédia crítica e alusões finamente disfarçadas à maçonaria. Para essa ópera em que impera a diversidade, Mozart criou obras-primas variadas — números bufos, árias de ópera séria italiana, motivos populares vienenses, corais luteranos — que, miraculosamente, formam um todo preciosamente coeso e lógico. A Abertura constrói-se sobre dois temas principais, que apresentam contrastes de dinâmica, riqueza dos timbres orquestrais e jogos contrapontísticos repletos de erudição e espontaneidade. A Flauta Mágica estreou em Viena, dois meses antes da morte precoce de Mozart, aos 35 anos.

A única ópera criada por Beethoven, Fidelio, gerou três versões diferentes e quatro aberturas independentes. Concluída em setembro de 1805, a primeira versão da ópera, com a abertura hoje conhecida como Leonora nº 2, foi estreada em novembro e teve fria recepção, e foi retirada de cartaz após três récitas. Em dezembro do mesmo ano, Beethoven aceitou, com relutância, a ideia de revisar a ópera. A estreia com uma nova abertura, hoje conhecida como Leonora nº 3, se deu em março de 1806 e teve recepção um pouco melhor. Mas, infelizmente, seria apresentada apenas mais uma vez, em razão de um desentendimento de Beethoven com o diretor do teatro. No ano seguinte ele comporia, ainda, uma terceira abertura, hoje conhecida como Leonora nº 1, para uma apresentação em Praga que acabou por não acontecer. A ópera parecia fadada ao esquecimento. No entanto, em 1814, o diretor do Theater am Kärntnertor procurou o compositor para uma nova apresentação. Beethoven relutou, mas acabou aceitando, com a condição de poder retrabalhar a obra. Contratou um novo libretista, com a missão de dar mais agilidade à trama, e compôs uma nova abertura. Os esforços valeram a pena. A nova versão foi um sucesso e a ópera, reapresentada inúmeras vezes. Ao contrário das três aberturas Leonora, a Abertura Fidelio não apresenta explicitamente o conteúdo musical da ópera. Apenas alude a alguns trechos. É a mais coesa, festiva e brilhante das quatro, e a mais curta. Trata-se da abertura perfeita para introduzir a ópera, pois, ao invés de tirar a surpresa da trama, prepara o que está por vir. Como as outras três, ganhou as salas de concerto e é hoje, dentre elas, a mais conhecida.

Os wagnerianos e, pouco mais tarde, a Segunda Escola de Viena, consideram Tristão e Isolda o anúncio profético dos caminhos musicais futuros: nessa obra, o trabalho audacioso com encadeamentos cromáticos potencializa a função expressiva, leva o sistema tonal aos seus limites mais extremos, esgota os recursos da harmonia e inaugura as premissas de uma possível dissolução da tonalidade, mais tarde concretizada. No Prelúdio, a indefinição tonal que se instala desde os três primeiros compassos gera tamanha tensão e causa uma impressão dramática tão impactante que deixa estarrecido até o ouvinte mais atual. O par formado pelo Prelúdio e a ária final da ópera, transformaram-se, desde muito cedo, pelas mãos do próprio Wagner, em uma única peça de concerto. Na verdade, essa combinação foi executada pela primeira vez em 1862, três anos antes da estreia da ópera propriamente dita. Há, para ela, duas versões: uma que inclui a voz na parte final, e outra puramente orquestral. Chamado pelo próprio Wagner de Transfiguração (Verklärung), o cântico entoado por Isolda diante do cadáver de Tristão revela, dela, os sentimentos mais íntimos e, por isso mesmo, os menos definidos. Nesse cântico, Isolda se transporta para um estado em que amor, dissolução, união e morte magicamente se integram, onde o mar se confunde com o próprio universo. Mesmo sem voz, a versão orquestral do “Mild und leise” é sólida o suficiente para garantir – integralmente – o impacto dramático desse trecho antológico da obra de Wagner.

2 mar 2024
sábado, 18h00

Sala Minas Gerais
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